Uma dor que não passa
Tenho cansaçoArdem-me os olhos como se fossem fogo,
saíssem por eles labaredas de mágoa e dor
que me queimam a face.
Doem-me as pernas e os braços e as entranhas desfazem-se.
No coração sinto um vazio frio
Um gelo que o arrefece, trespassa e não passa
Pelo silêncio que sinto de ti, sofro calada
Nada me contas, me dizes
e assim vou-me destruindo aos poucos
Tudo isto junto, me entristece e mata.
Que tenho eu?
Que sinto?
Porque vivo neste embaraço?
Nesta agonia que me penetra toda
Me inunda, toma conta de mim,
me avassala e domina inteira,
estrangula a alma até ao último gemido de dor,
que eu não entendo e sem forças deixo que me atormente?
Algo me entristece, me transforma,
me tira a cor
e a pouca graça que me invadia antes.
E eu sabendo porquê,
calo tudo, engulo e sofro.
Tu sabes que isso acontece, mas de que me vale?
Queria ver-te bem
Sentir-te tranquila e serena
Mas de ti pouco ou nada sei.
Nada me contas.
Nada me dizes, confessas ou desabafas.
Sou eu que o adivinho e sofro contigo.
Não te entendo!
Não percebo porque engoles tudo e não me abraças!
Se agora, se neste momento,
desde ontem e antes de ontem,
se isso que penso, acontece mesmo contigo,
contigo morro nessa agonia que atravessas,
cansadas, ambas, da alma e do corpo.
És a minha vida!
Se não vives inteira e feliz,
morro de tudo o que sentes
Pois de ti, sem que me contes, sei o que sonhas e pensas.
Serás sempre a minha menina.
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