domingo, 21 de julho de 2013

A DANÇA...


A DANÇA...

Como uma pluma leve, suave,
de perfume inebriante
uma pomba branca pura,
esvoaçante 
uma brisa suave que nos refresca a alma, nos dá alento
nos faz apaixonar, continuar sempre e ir avante,
ama-se, entrega-se o corpo e a alma e a mente fica desconcertante
As voltas não custam nada,
O menear do corpo é o delírio máximo, 
um prazer constante
E mesmo que tudo doa, faça sangue, 
martirize a alma e o corpo amantes,
mesmo que corte na carne com golpes que ninguém vê, 
mas se sentem,
a gente avança, sente a dança,
até ao corte mais fundo e desgastante e feliz, sorri sempre
Quem ama a dança consente isso e o resto de tudo que ela traz consigo
e sofre, num prazer desconfortante, mas delirante, eterno e doce
a magia daquele sonho
A musica envolve o corpo, a mente sente a dor, o queixume,
numa alucinação escaldante
pois tudo é possível, tudo aquilo é nosso, 
é o corpo que nos pertence…

Depois a realidade avança sobre nós e fala-nos de uma verdade diferente.
Nem todos somos iguais, 
nem todos somos jovens, perfeitos
Nem todos podemos viver nesse sentimento, nesse furor de dançar até ao limite

Não podes mais, não é teu esse direito…
Nada disso é teu ou te pertence - ( é o grito que ouço aos ouvidos constantemente)
Não tens parceiro, não tens força, nem genica, nem meneio…
Não tens, nem sabes nada.
Erras, tropeças em cada cais onde te encostas.
Olha-te ao espelho, mira-te bem. Já te viste? 
E as tuas pernas, e o corpo flácido?
Vê como o tempo passou, deixando em ti as marcas do que não viveste, e então?
Pára! Já não é hora de viveres mais esses instantes.
Estás gasta…arrastas-te e não deves roubar aos outros o que não te pertence.

E eu, encolho-me desgostosa e triste e perco todo o encanto
Fico sem brilho, entrego-me ao que é o meu presente.
Sou mãe de todos vós, não sou mais uma criança
Pesam-me as pernas… e na DANÇA, o par que desejava não existe
Ninguém me quer, não são meus os que existem, não me pertencem
Que terrível loucura a minha, que pesadelo ingrato,
querer teimosamente ter o que não é minha pertença.
São jovens, lindos, libertos, todos, cada um certo com o seu par…
E quando me surge um…eu, parva e meio louca, não aproveito…
"Nunca desistas de um sonho. Basta seguir os sinais."
Mas estou prestes a desistir… é demais…
O encanto da dança fascina-me, deslumbra-me, 
aumenta o brilho do meu olhar
mas faz-me doer, mais na alma que no corpo, 
saber que não lhe pertenço,
que essa malvada que me domina, me foge cada vez mais…
Morro de mágoa, de pena…no deslumbramento de ver e não poder
…quanta dor na perda deste amor!
Inês Maomé

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