Procuro-te e tu a mim...
Procuro-te e tu a mim
Procuro-te e tu mim,
hoje e sempre, como antes
Por entre os arvoredos densos da vida
E não te avisto
Doem-me os olhos de os afirmar no vazio que nos rodeia
num mundo que pressinto ainda vivo, inteiro
onde te queria ter, possuir, sentir só meu
Um mundo que nem sei se algum dia me viu,
Se passou por mim e segurei como coisa certa
que decerto nunca existiu no meu pobre eu
mas que desejei sempre
que sonhei demais e sempre para ambos
Dias loucos, amantes, unidos pelo nosso corpo,
na pela da alma,
em todos esses dias nos sentirmos
nos consumirmos, sermos um só
num ato de amor puro e cristalino, único
só nosso, do principio até ao fim
eu com o meu corpo trémulo de desejo preso ao teu,
tu entroncado em mim, de pernas tensas,
corpo másculo e ardente
a devorares-me estonteante de prazer
eu a deixar, a querer tudo, e como louca pedir mais e mais…
Sonhos, quimeras, fantasias delirantes
Esse mundo que teimo e parece que sinto à minha frente
Que está vazio e oco, não existe, nunca existiu senão na minha mente
Um mundo só nosso,
onde continuamos unidos por uma força que desconheço
Sonhando com delírio, como se fossemos crianças,
Sonhos que nos incendeiam como labaredas mansas
que nos queimam o corpo, a alma,
a imaginar que o impossível acontece.
INÈS MAOMÉ
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