Acordei com o sol a bater-me no rosto,
A beijar-me intensamente.
Pensei até, que acordara diferente.
Queria tanto ser outra mulher,
ter outro sentir, pedi-lho tanto
Queria rir de felicidade, mesmo que só de vez em quando
Mas sinto que o sol que me beija e aquece,
só se espraiava em
mim de prazer e mais nada
E penso, penso tanto, que me canso
Eu não mudo,
não consigo deixar de ser quem sou
Pensar e agir de forma diferente
Ter outros quereres,
ir à rua liberta
Sorrir às pessoas
sem sentir no peito um aperto que me dói e
desespera tanto
Sem entender porquê,
sem saber a razão de tal tormento, quedo-me em silêncio.
Porque não leva o sol consigo,
absorvendo de mim com seus raios brilhantes e quentes,
esta coisa que me invade,
me perturba e deixa tensa
Mas não, ele beija-me, beija-me
mas não leva de mim nada.
O sol beija-me, abraça-me toda, reconforta-me,
mas parte deixando em mim o aperto que sinto em mim eterno
Cedo sinto que sou igual, a mesma de sempre
Serei, não sei porque razão,
eternamente um ser incompleto.
Pois se nem o sol que me beija tanto,
nada faz por mim senão dar-me esse enleio?
Inês Maomé
Inês Maomé
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