Sem vontade de nada
Hoje, estou
igual a ontem,
ao que tenho sido cada dia ultimamente.
Amorfa,
quase inerte e sem vontade de nada
De manhã, já
quase noite em mim,
levantei-me e com um banho de água profundo,
tentei
arrancar de mim a nostalgia que me persegue,
me inunda e suja toda,
não me deixa
viver as horas
que o
relógio vai marcando num compasso sempre certo e atento.
Tentei
raspar de mim tudo o que me dói e eu nem sei onde.
Esfreguei-me
até ao infinito.
E agora que
me limpei, vesti-me de verde, cor da esperança,
a cor dos jardins que sonho
algures e onde imagino seria livre e mais feliz,
Mas no final
sinto-me igual, a mesma.
Amorfa,
quase inerte e sem vontade de nada.
Para onde
foi a força que tinha antes?
Por onde
anda a minha vontade de viver?
Queria
saltar deste meu canto e ir lá fora, ao mundo, gritar que existo,
que sou
gente, que ainda estou em tempo de sorrir,
fazer coisas
novas, bonitas, diferentes, sem dar um lamento.
Mas continuo
aqui parada,
sem vontade
de mim,
sem vontade de nada.
INÊS MAOMÉ
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