Olho-me inteira e não acredito,
não valho nada,
não faço nada
isto eu sei.
isto eu sei.
Depois junto palavras que escritas dizem o que me vai cá dentro
só isso,
e isto é pouco é nada, eu sei
e lamento.
e isto é pouco é nada, eu sei
e lamento.
Falo do tempo, falo do amor,
digo e repito para mim e para toda a gente,
que sou carente,
que tenho fome de tudo
e de amor
e de amigos
e de gente
de toda a gente que seja boa, em meu redor
de toda a gente que seja boa, em meu redor
digo que não tenho força
nem calor, nem alento
nem calor, nem alento
nem coragem
para andar para a frente
Miro pela janela o verde do meu jardim
o Sol que brilha lá fora e o aquece a ele
muito mais do que a mim
muito mais do que a mim
e olhando de novo para por mim adentro
deprecio-me,
envergonho-me
Devo estar louca, afinal quem sou eu
uma mulher miserável, que pensa na morte,
que não faz nada
que escreve mal e pouco,
que não faz nada
que escreve mal e pouco,
só isso e isto é nada e não existe.
Não sou poetisa,
não escritora,
sou só e apenas uma reles escrevente
sou só e apenas uma reles escrevente
Então como foi tal coisa acontecer?
Nunca pensei que as minhas palavras pudessem ter algum valor
palavras velhas, repetidas
gastas e vazias,
gastas e vazias,
ocas de tanto as usar escrevendo o mesmo
reclamando sempre o que não tenho
o tudo que queria ter,
me fugiu sem eu dar conta
Nem sei como dizer,
como acreditar no que sinto.
Será que devo acreditar, agradecer?
Será que devo acreditar, agradecer?
Será que do meio de tanta gente
que escreve bem melhor que eu
que escreve bem melhor que eu
tenho a certeza,
me coube a honra daquele lugar,
daquela nota,
porque escrevi alguma coisa?
porque escrevi alguma coisa?
Que responsabilidade a minha,
ou não?
ou não?
Afinal só tenho que continuar a escrever com as palavras que sei
o que a minha alma me dita
o que a minha alma me dita
a dizer ao papel o que o meu coração sente,
e fazê-lo sempre
e fazê-lo sempre
tal como lá fora o SOL sempre que nasce
continua a aquecer a relva,
continua a aquecer a relva,
que a geada quando vem,
a queima
a queima
que a chuva em demasia,
a alaga e estraga,
a alaga e estraga,
mas que por obra do destino
e engenho humano sempre acaba por voltar
a renascer, a crescer,
a ser verde e fresca para eu ver
porque o Sol nunca se vai,
só se esconde de cansado,
mas volta sempre a aquecê-la todos os anos.
só se esconde de cansado,
mas volta sempre a aquecê-la todos os anos.
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