sábado, 2 de março de 2013

O TANGO...uma paixão!


 O tango
    

     A cena era escura
        a vida exaltada pela música 
estava ali, inteira e magnética, 
estilizada, mas autentica
         A nostalgia do espaço, o eco da música, 
os corpos deambulando
         arrastaram a minha mente para tempos remotos
         quando um dia me supus assim,
         talvez num sonho de verão distante,
         mas só isso, 
eu não seria capaz de tanto
de um todo tão desejado,
 impossível para mim que sou carente

         

        O grupo de baile era distinto, primoroso,
        e eu deslumbrada e serena, 
olhava-os enlevada
        Bem arranjados, 
perfeitos
       todos pareciam e eram diferentes de mim
         Os fatos dos homens vincados,
         marcados no corpo onde era preciso,
         os chapéus, os sapatos variados,
          os coletes numa conjugação única com o restante
Tornavam-nos charmosos, 
delirantes de belos no prazer de sedução constante
         Os rostos seus marotos, desafiantes, provocadores

         davam-lhe  a forma, o toque final,
 falavam de vida,
        de amor, de dor e tentação
     
     
         A musica nostálgica e bela,
         o gemer das concertinas, o chorar dos violinos,
         falava aos ouvidos dos atentos, 
dos  mais amantes,
         que o que se passava ali: era tudo,
         era a vida vivida, 
sentida e dançada no escuro da noite,
         nos bares das cidades,
          lugares ditosos,
         onde os corpos 
colados numa entrega frenética igual e estonteante
se arrastam na dança
         e ao som da música choram,
         reclamam, padecem e se seduzem mutuamente
       colados, cingidos num só,
sem pudores
          Dançando falam do amor, da paixão,  
        contam-se segredos, 
zangam-se e arrastam-se por tanto se querer
          

         O vermelho, o preto, o amarelo e roxo
         dos vestidos colados aos corpos delas 
eram demais expressivos
       Rasgados, mostrando as coxas torneadas,
 bem feitas, ditosas e mais que perfeitas
apaixonaram-me, deram-me inveja
         
       As rosas vermelhas, cor do sangue e do amor
           os lenços brancos de puros, que as mãos deles
         faziam roçar pelos corpos e rostos delas
        eram um gesto de puro encantamento e sedução
       

         Tudo isto me atraiu, deslumbrou, me fascinou inteira
         O arrasto dos corpos pela cena,
         as pernas cruzadas de almas traçadas,
        o êxtase que vi nos  rostos colados,
        nos olhares trocados
         nas bocas  tocadas que diziam: quero-te, amo-te
         
Que sedução, que encanto e adoração
         e tudo aquilo:  a cor dos vestidos pretos, amarelos, roxos, ou vermelhos
todos numa perfeita sintonia num encanto de fascinação,
        as rosas oferecidas, as bocas roçadas
         os sorrisos matreiros 
os olhares sacanas trocados
         os corpos cingidos, esfregados,
         sofridos no arrasto da dança pela vida
fizeram-me sonhar, querer estar ali


          
         Tudo isto eu amei, eu senti e desejei
        eu quis viver ali, eu invejei
         pela cor, pelo fascino
       no arrasto da dor, na agilidade de cada movimento
na expressão dos sentidos,
         tudo aquilo foi dança,
         foi tango,
         foi vida pela vida,
         foi contar com o corpo,
        deambulando com a musica em pura magia,
         como se ama e fascina
         e encanta um homem e uma mulher
         quando se dança com amor,
          quando a vida é uma dança
         vivendo a vida num tango
         e o tango pela vida 




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