segunda-feira, 18 de março de 2013

FECHO-ME EM MIM



Enrolo-me em mim e em mim me fecho
como se fosse uma bola pequena, 
um casulo,um caixa escura,
a minha morada oculta
procurando fazer uma concha 
sossego e refugiu-me nela
e aí permaneço  tempo eterno

Não sei se sei o que tenho,
mas inunda-me o desconforto da solidão
invade-me um vazio profundo 
que me envolve e facilmente me domina.

Fecho-me em mim mais ainda,
enrolo-me o mais que posso.
quero esconder-me do mundo, esquecer os meus pensamentos
olvidar tudo e todos e ficar assim fechada para o mundo.

Sem ouvir nem ver, ser saber de nada, surda e mouca, fico
Escusada e esquecida de tudo e todos 
e se dormisse seria um sonho.
Lá fora corre o tempo que de mim nada sabe nem se importa 
e eu deixo
Enrolo-me toda, encolho-me, 
estreito-me o mais que posso.

Dentro de mim chove e neva. 
Lá fora não sei que se passa, nem me importa.
No meu coração neva, e a cada passo que penso que dou no pensamento
cai dentro de mim mais neve, o frio gela-me e chove como nunca vi

Chove tristeza e desgraça. 
Sinto os pingos que me pesam como toneladas
Cai chuva em mim, no meu eu inteiro
e no meu coração aflito neva e chora a comoção, o embaraço e a solidão.

Só sei que tenho frio, e não quero nada
Porque queria tanto do tudo e não posso

Enrolo-me numa bola como se fosse uma concha e assim fico
Até mais logo, só um pouco.

Não posso parar de viver que ainda é cedo, 
mas lamentar a dor, eu posso
Enquanto tiver palavras, papel, dedos e mente
eu direi ao mundo, 
gritarei ao vento os meus ais profundos os meu lamentos


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