Vi-a naquele dia,
olhei-a no rosto e notei-a outra
O preto forrava-a inteira por fora e por dentro
A face macilento, enrugada e triste
contava tudo
dizia-me sem palavras do seu presente
O futuro lindo que tivera acabara para sempre
O preto e os olhos baços, descaídos e aguados
diziam as saudades que sentia de não o ter mais consigo,
naquele instante e eternamente
Parecia outra,
mais velha, mais magra,
em tudo diferente
Até por dentro era outra,
sem forças nem alento
Toda negra e não só na roupa,
toda mais preta que qualquer preto que é preto
Não só na cor, mas na dor no sentir e dizer
Por ter perdido o seu bem-querer
do muito choro e lamento
secaram-se-lhe as lágrimas,
o corpo engelhou
quebrou-se pela dor,
enegreceu na alma, na carne
morreu alquebrada para o prazer do mundo
do tudo, do pouco, do muito
e como uma flor murchou
Refazer a vida sem ele
não lhe passa pela cabeça
é impossível. Um desejo nunca almejado
Sem ele, aquele que era o seu vínculo maior
que a unia e prendia ao mundo:
a vida não presta, ela não a quer
e agora vegeta, deambula, perpétua na dor
Nunca mais será a mesma. Ela sabe.
Será sempre tudo negro e mais que isso:
triste e enevoado
pelas lembranças que reteve em si
dos dias sucessivos que o viu sofrer,
do dia em que sabe que partiria,
porque lho disse e ela ouviu,
Ficam-lhe para sempre na memória
as palavras angustiadas e aflitas que disse:
" É AGORA"...e passado algum tempo, partiu
Ela ficou, mas para ela
nunca nada mais será a mesma coisa.
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