segunda-feira, 4 de março de 2013

Tudo MUDA com o TEMPO.


Tudo muda quando os sonhos se destroem pela ventania do tempo
O ar que respiramos deixa de ser nosso
é mais denso e impuro
engole-se e exala-se a custo enquanto é tempo

No nosso coração fica a dor do que não foi feito
e ficará para sempre incompleto

Põe-se em causa a vida,
a existência nula, 
fútil e vã que temos hoje 
do que era nosso 
e se foi por entre os dedos sem o vermos

Os sentidos 
que não sentem mais tudo o que cobiçámos sempre
perdem-se, 
deixam de ter cor ritmo e alegria

Pensamos na morte como coisa certa,
Já não deve tardar muito,
mas isso que importa 
se tudo parece estar já pronto


Tudo muda e o mais associado à nossa penúria de ser gente
é não conseguirmos amar e sentir o amor 
como o fazíamos antigamente
é não poder andar, dançar, correr, 
amar rebocando-se no chão, na lama, na cama
como o fizemos ou sonhámos fazer antes, 
sempre e cada vez com mais alento
porque ainda era tempo 
e havia a força 
e o resto do tudo que era nosso

Tudo muda com o tempo e a vontade deixa de ser,
anula-se e morre à nascença 
e o coração magoado, 
ferido de morte,
ausenta-se e sente o tempo que passa 
mas fica quieto, estático, imparcial
e de tanto sentir dor, 
aquieta-se,  chora e rebenta finalmente 

E num desassossego tremendo  
a mente tudo pede,
menos sentir que já não é nada ,
não é gente como foi antigamente, 
como sonhou ser sempre


Tudo muda com o tempo,
o tempo que voa e nos leva e rouba tudo
 e só nos acrescenta 
aquilo que quando partirmos de vez 
voará alto
 para algures além do espaço 
e não será mais nosso 
só do infinito  

Inês Maomé

Fotos do Google

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