Nestes três metros quadrados, tenho que aprender a gerir as minhas emoções,
a calar a dor do coração, os pensamentos crueis com que a mente me perturba.Afinal que faço eu aqui?
Simplesmente espero por ti, porque sem ti não valho nada, não presto,
sou simplesmente um pequeno e insignificante estorvo.
Eles já partiram há muito tempo,
Estão livres, adultos, cresceram e eu nem dei conta.
Mas eu não consigo arrancá-los do meu peito.
Vivem comigo, como quando eram meninos.
Povoam o meu pensamento, permacem em mim como uma doença.
Para eles já não sou nada.
Mas fazem-me falta, sinto-lhes a ausência, ainda lhes chamo "meus"
Que saudades tenho desse tempo, quando vinham para casa....
Quando eram os meus "meninos"
Agora, neste quarto espero por ti, porque na casa grande estou só,
e tenho medo, e frio, e medo, muito frio e medo.
E aqui?
Aqui tudo é um diferente, quase horrivel!
Quase tudo já me aconteceu.
Afinal onde é maior a minha solidão?
Estou sempre só, aqui e lá, e em toda a parte.
Sem eles, sem ti, nunca mais serei como fui antigamente.
Estarei sempre só, mesmo quando estou com muita gente.
Não sei que me aconteceu.
Foram tantas perdas, tantas, que lhe perdi a conta.
Até a mim me fui perdendo devagar, até que cheguei aqui, a este ponto.
Se não falar contigo, pouco mais tenho com quem falar....
Porque tudo o que os outros dizem é mentira.
E eu vivo muito de fazer de conta.
O que queria mesmo, era ter força como antes, não ter dores, que eles viessem mais a casa,
Que a mim me desse vontade de fazer o jantar, o almoço e tudo o resto...
Que estivesses em casa como os velhos, como eu...
mas só eu sou velha..
Agora, neste quarto minusculo de três metros quadrados, aguardo por ti,
E os meus olhos choram, porque o vazio que sinto é tão grande
como o espaço que eles deixaram dentro de mim.
É um vazio imenso E infinito.
E tenho medo do que sinto, porque não tem limite.
Parece que tudo me acontece e aos poucos a minha vida se degrada, e caminha para um fim.
Afinal que me irá acontecer depois de tudo isto.
O ultimo espaço que nos espera é bem mais pequeno do que este.
Vou imaginar, que estou no céu, preciso de acalmar com isso.
Estou aqui também por eles, para que aqueles que sairam de mim estejam bem.
Mas não é fácil pensar, que a vida passa, que tudo passa, e que amanhã quando voltares de vez para junto de mim já não terei, talvez, força para te ouvir, para te ver, para te falar, quem sabe até, se ainda estarei por aqui nalgum quarto, nalgum espaço, à tua espera como agora.
A vida é muito ingrata.
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