domingo, 12 de dezembro de 2010

Camila toma decisões

- Tardaste, já se ia fazendo tarde, mas sabia que virias mostrar-me o nosso menino. Onde está ele, quero vê-lo pois preciso descansar.

Camila chegou-lhe Carlinhos bem perto dela, e baixinho, ela disse logo:

- Um menino forte e lindo como tu eras minha filha, tal como Geraldo sonhou ter, se estivesse aqui connosco. Estou cansada, cuida bem dele, e de ti minha filha.
E caiu num sono, que parecia profundo.
Dali Camila foi para casa da mãe.
-Pia não está. Júlio internou-a, pois desde que chegou há cerca de um mês de tua casa, os parâmetros e alguns exames não estão bem. Ela não queria, mas a semana passada antes de saber que virias assim tão rapidamente, Júlio resolveu interna-la, para conjuntamente com o cardiologista confrontarem todos os exames, e com ela em repouso absoluto, ver a que conclusão chegam. Pensam que seria melhor Pia ser operada em Madrid, mas querem também ouvir a tua opinião, além de ouvirem a da tua mãe naturalmente.

-Nem sei que te diga. Mas far-se-á tudo o que for melhor para ela ficar boa. Quero que a minha mãe fique bem dentro do possível, para poder ver crescer o Carlinhos.
E Camila dizia isto, triste como nunca imaginara poder estar, numa circunstância semelhante, pois nunca imaginara a mãe uma mulher doente, muito menos em risco de vida. Sentir que podia perder a mãe, agora que também era mãe, tinha uma dimensão que até ali ela nunca supusera ser possível viver.
Entretanto Giullia não voltou a acordar, parecia que esperara mesmo pelos seus meninos, pois adormecera e não reagira muito mais a outros estímulos, e nos restantes dias que viveu, foi alimentada a soro.
Tinha cumprido a sua missão de protectora, irmã, conciliadora, amiga, mãe, porque Giullia, na terra enquanto viveu foi tudo um pouco e não só empregada daquela família. Agora descansaria em paz, mas para Pia era como se ainda estivesse a descansar no lar. Para a poupar desse desgosto não lhe disseram da sua morte e guardaram para mais tarde, dar-lhe essa notícia.

Como era de esperar Alberto não tivera disponibilidade para vir ao funeral de Giullia, e os amigos mais chegados de Camila notaram a sua ausência, mas Camila com muita diplomacia desculpou muito bem a sua ausência, mas estes acontecimentos deixaram-na muito abatida.

Eram demasiados acontecimentos negativos para suportar sozinha. Só Carlinhos na sua tenra idade, lhe dava uma força enorme que mesmo ela desconhecia ainda em si.

-Com todos estes acontecimentos e sem Alberto por perto, não tenho qualquer vontade de fazer nenhuma festa com os nossos meninos.

-Tens razão minha amiga, o teu marido não te dá apoio nenhum. Não te quero pôr contra ele, mas custava ter vindo aqui agora que morreu Giullia que ele conhecia tão bem, não custava nada?

-Disse-lhe, mas não lhe pedi. Agora vou resolver tudo de outra forma. Se as coisas não andarem como penso, digo-te a ti que és minha amiga sincera, venho-me embora de vez. Separo-me dele.

- Como? Já chegaste a esse ponto? E essa paixão que sentes por ele, esse amor quando estão juntos, como fica?

-Muito bem, acaba, tem que acabar, porque me destrói, e eu hei-de ser capaz de suportar essa dor que não há-de ser maior que todas as dores que ele me faz passar desde que casámos. Sofro desde do dia que saí de casa da minha mãe casada com ele, ou por uma coisa ou por outra.

-Mas, estás então resolvida. Eu no teu lugar não te censuro, pois já o teria feito há muito tempo. Conheces-me bem e sabes que não lhe aturava metade do que já lhe aturaste.

-Digo-te, que a primeira coisa que farei é tentar saber o que está dentro daquela divisão fechada à chave a que me foi barrada a entrada. Quando chegar a casa vou rebentar com a porta daquela divisão trancada, que me intriga desde o início, onde ninguém pode entrar, ou pelo menos eu não posso entrar, e saber o que está lá dentro. Se aquilo era um escritório com livros do avô do Alberto e outros documentos antigos, precisa ser muito arejado, senão vai ficar tudo danificado, não concordas? Porque não se abre nunca aquela maldita porta?

-Mas vais mesmo rebentar aquela porta?

-Claro que vou, ou não me chame Camila. Algo me diz que a minha felicidade passa por aquela porta, e há muito que decidi fazê-lo, mesmo antes de Carlos Geraldinho nascer. O meu filho devia chamar-se Geraldo, que era o nome do meu falecido pai, mas teve de chamar-se Carlos por vontade expressa de Alberto. Se permiti isso, vou poder fazer o que quiser do quarto do bisavô, que deu o nome ao meu filho.

-Estás com garra, estou a gostar de te ver. Força, e o teu trabalho e o carro, já pensaste nisso?


- Vem a seguir. Primeiro o carro para me libertar do motorista e depois o trabalho. Juro que apesar de ter prometido o contrário a Alberto voltarei a trabalhar.
Afinal também ele não tem nada a ver com o homem com quem casei.


-Não auguro, nada de bom na vossa relação, mas tu lá sabes.


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