segunda-feira, 5 de julho de 2010

Jogar á carica

  Jogar á carica, ou atirar o pião!

 Jogar á casinha com os botões velhos,
 Jogar á cabra cega, ás escondidas, ou á apanhada, que dava no mesmo.

Jogar á macaca, ou  a saltar á corda, melhor pois então!
Brincar aos cowboys, aos índios do faroeste,
aos policias e ladrões, o preferido do meu irmão.
Jogar com a bola, andar de bicicleta sem sair da rua...
Aos reis e rainhas, aqui vai o lenço aqui fica o lenço,
brincar ás bonecas, brincar ás casinhas, ás cozinheiras,
a fazer compras, a ser costureira,
a fazer de médico, ou aos professores,
e a brincar de roda...

…. mas  brincar na rua, nas sombras das casas, nos solares das portas,
      na sombra das árvores..., a correr, a saltar, a inventar histórias, a ouvi-las contar...
      Brincar na rua, fosse ao que fosse, era sempre bom, era algo mágico que ajudava a crescer!

      Todos  os jogos eram meus eleitos…!


Onde é que se que vêm crianças entretidas na rua a brincar?

Onde estão as crianças de hoje a brincar….?
Em lado nenhum, hoje as crianças não brincam na rua , por questões diversas...
Hoje as crianças brincam em salas fechadas, em recreios fechados e sempre vigiadas, é absolutamente necessário que sejam vigiadas!
As ruas não são as mesmas e as crianças também não…!
Por medo, por falta de tempo, porque  não  é próprio,
porque brincar na rua suja,  é feio e perigoso, porque a rua tem meninos maus, ladrões e outras pessoas perigosas, porque não há jardins, porque os pais discutem e os irmãos choram, por tudo e por nada, tudo são razões...., e perdeu-se o fascinio, o encanto, a magia, de brincar na rua...
Hoje  as crianças não brincam na rua!

As crianças que ontem brincavam na rua, riam, cresciam felizes, também eram inteligentes, não eram obesas, nem tristes, nem deprimidas, nem passavam as tardes a chorar atrás dos pais, aos domingos no shopping para voltarem para casa….,na sua maioria eram crianças felizes… Enganam-se os que pensam que nas cidades as crianças não brincavam na rua,  e que isso acontecia só nas aldeias, brincavam sim e em segurança, e fazia-lhes muito bem, mas os tempos mudaram...
A rua era segura, e era LÁ, que continuavam a crescer, a amadurecer, umas com as outras, a vivenciar situações diferentes, a continuar a aprender a ser gente, a viver.

Por mais que digam, brincar na RUA era bom, saudável, uma outra escola de vida, um complemento.
De lá, saíram doutores, poetas, boémios, homens comuns, mas todos com histórias mais ou menos interessantes e honestas  para contar…

Hoje brinca-se na solidão!

Com um aparelho, ou dois, á frente dos olhos, as crianças crescem!
Sentados numa cadeira, em silêncio, as palavras escritas nos monitores  dizem-lhes tudo, e as palavras escritas que trocam com o outro lado, podem conduzi-los muitas vezes á destruição!
Além disso, estão  dia após dia  num espaço fechado, o seu quarto, sem Sol directo, sem vento no rosto …Eles têm tempo de crescer...

Todas as aldeias, vilas e cidades (freguesias), terras deste país, deviam ter um espaço, onde as crianças em liberdade brincassem, sem bibes, sem amarras, protegidas de longe já se vê (que o tempo é outro), onde  se sentissem tão livres na rua, como  as de outrora, que depois de fazerem os deveres da escola bem feitinhos  perguntavam á mãe:

-“mãe, agora posso ir brincar com os meus amigos, para a rua?”
-“podes sim filho, mas olha o jantar, tens que vir tomar banho antes do pai chegar…”!

Brincar na rua com os amigos, a recompensa por um dia de aulas bem sucedido, e o cimentar de conhecimentos adquiridos…

Realmente outro tempo, pois onde está agora a mãe ? ( mas podiam perguntar á avó, á ama, á....)

POIS... NÃO DÁ....

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