domingo, 11 de julho de 2010

Reencontro e chegada á quinta 4

Maria, que vivera toda a vida na aldeia, de repente estava ali rodeada de gente frenética em movimento, num aeroporto.
 Maria que nunca tinha viajado senão de autocarro, estava prestes a subir num avião e em breve abraçar o pai, que já não via desde muito miúda, e a esperava em Paris no aeroporto!
Tinha sido relativamente fácil para ela chegar até ali. Para as situações que não conseguiu resolver sozinha pediu ajuda. Naquele dia  as horas ao contrário do que era de esperar esfumaram-se, tal era a ânsia de sair dali.  Em breve se viu no ar entre as nuvens, com uma vontade enorme de se beliscar a cada instante, pensando ainda que tudo aquilo que vivia  era um sonho.

Para trás estavam já a aldeia, os falatórios de quem mais não tinha que fazer, os namorados indesejáveis e impertinentes, o armazém que tão pouco lhe pagava, toda a vida monótona que levara até ali. Aguardava-a um futuro incógnito, decerto diferente,  mas que ela tinha muita esperança  que viesse a ser bem melhor, e a dar certo.
Apertar os cintos, hora de aterrar…Estava quase!
A hospedeira durante o voo a seu pedido, tinha-a  informado gentilmente do que devia fazer para levantar a bagagem. E atrás dos outros passageiros lá foi , e de repente, porque o tempo também voa, pegou na mala e andando por escadas, salas e mais salas ao fundo á frente dos seus olhos um homem bem parecido, com um cartaz na mão onde se lia em letras bem grandes “MARIA”, lá estava ele, um homem que na hora ela teve a certeza ser o seu pai!

O seu nome ficava bonito ali, e aquele era o seu pai que ela soube-o logo… Largou tudo, e ali ambos se abraçaram comovidos, muito forte, que para ambos foi como se o mundo e as suas vidas começasse novamente naquele instante. Foi como se agarrassem num segundo tudo o que passaram separados e naqueles segundos e naquele abraço de repente, tudo tivesse ficado ali esquecido e enterrado, para recomeçarem a viver juntos novamente! Como estavam felizes !

Por conta do trabalho da quinta, Fernando não tinha conseguido tirar muitos dias para ir á aldeia buscar a filha. Também, de comum acordo com ela, concluíra que depois de tanto tempo fora e para evitar falatórios, melhor fora não aparecer a buscá-la na aldeia.

Um dia mais tarde, voltariam com tempo á aldeia e tudo seria esclarecido, até porque Fernando, queria muito restaurar a casa que a mãe lhe deixara, e onde Maria vivera até então! Sonhava fazer daquela barraca simples, uma casa a sério para um dia viver mais tarde....

Tinham uma longa viagem para fazer até ao sul de França mais precisamente até á cidade de Bordeaux. Primeiro num moderno comboio, e depois alguém da quinta estaria na estação como combinado, para os transportar á quinta, situada a menos de uma hora do centro da cidade também a zona privilegiada dos riquíssimos vinhedos do sul de França .

Durante a viagem de TGV, Maria fez todas as perguntas possíveis e imaginárias ao pai e o contrário também aconteceu. Ambos estavam fascinados um com o outro, por motivos diversos é certo, mas o suficiente para não se terem calado toda a viajem.

Maria ficou a saber que tinha um quarto só dela, arranjadinho na casa, que o pai tinha na quinta junto ao lago e ao estábulo que agora era deles, e que ela iria ajudar em algumas lides da sua própria casa, e também da casa grande, se fosse necessário.
Nada disso a perturbou, estava muito feliz com a ideia de ir trabalhar numa quinta que agora também era um pedacinho sua, isso para ela, que nunca tinha tido nada, era maravilhoso, tão bom que parecia irreal…

Pelo caminho não via nada, a velocidade do comboio era tanta, que não dava para ver nada e para ela, era tudo tão novo, tão diferente, que não conseguia que imagem nenhuma ficasse retida na sua mente. Há muito que ainda flutuava, e ainda não tinha assente os pés no chão. Teria muito tempo á sua frente para ver tudo aquilo muito bem!

O percurso que fez de carrinha até á quinta era de sonho, nunca tinha visto nada igual.Paisagens maravilhosas! Pela primeira vez desde que saíra de casa ficou em silencio, e sentiu um certo nó na barriga! Era tudo tão lindo, tão diferente , tão fascinante, mas estava tão habituada a estar sozinha!

 E se de um momento para o outro não quisesse aquilo para ela, ou algo acontecesse que a fizesse arrepender, como seria ? E se o pai se desiludisse com ela?
E foi com este monte de duvidas, que o trajecto lindíssimo  de Bordeaux foi passando, e Maria entrou na quinta onde passaria a viver daí em diante….

 Podemos concluir, que ficou estupefacta com o que viu…

Sem comentários: