terça-feira, 6 de novembro de 2012

Ficará o eco!


Emocionam-me as palavras que escreves 
e muitas vezes não entendo
mas pressinto cheias de conteúdo e sentimento.
Leio-as, miro-as, acho-as belas
sempre num conjunto perfeito e devidamente articulado, 
 sinto-lhes muitas vezes o sentido, 
e ainda que não as saiba explicar, 
mas só perceber
contemplo-as, medito-as 
porque me contam 
e ensinam segredos 
que não desisto e pretendo aprender a desvendar


Foi-se há pouco o homem que mais falava aqui connosco
partiu sem jeito, 
doente em pouco tempo
Não se se sabia tão mal,
nem ele , nem o médico, nem a família,
mas agora que partiu 
já lhe sinto a falta das palavras
que ouvia daqui, onde permaneço todos os dias
tal como escuto outras gentes 
que aqui entram e saem por rotina 
mas que falam sempre, 
sempre, sempre da vida, da família, dos amigos ou vizinhos
ou porque estão cansadas, doentes, 
aborrecidas, fartas de alguma coisa.
mas falam sempre sem cansaço, 
tal como ele falava, 
sempre muito e tanto 
que agora que ele se foi 
não sei como será,pois já lhe sinto a falta.
Ficarei sem mais o ouvir neste meu canto
e  o que antes enfadava da sua conversa 
 já lhe sinto a ausência 
a saudade das histórias repetidas, 
dos desabafos que eram a sua vida.
Sei que ficará o eco, 
sim, ficará para sempre o eco das suas longas conversas  
das suas queixas e lamurias constantes 
que afinal tinham fundamento.

Mas queria ser como tu, 
escrever o que sinto em palavras curtas 
inteligentes e acertadas
mais que certas, 
que me consolassem 
e fizessem entender e aceitar tudo,
mas não sei, não consigo,
não sou poeta.
sou gente comum
e  até dizem que, por vezes tal como ele, também falo muito.


Fica-me a dúvida se continuará a conversar para onde vai,
mas se o puder fazer 
com alguém que por lá encontre 
será bom, 
e eu ficarei mais tranquila por o saber feliz.


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