Emocionam-me as palavras que escreves
e muitas vezes não entendo
mas pressinto cheias de conteúdo e sentimento.
Leio-as, miro-as, acho-as belas
sempre num conjunto perfeito e devidamente articulado,
sinto-lhes muitas vezes o sentido,
e ainda que não as saiba explicar,
mas só perceber
contemplo-as, medito-as
porque me contam
e ensinam segredos
porque me contam
e ensinam segredos
que não desisto e pretendo aprender a desvendar
Foi-se há pouco o homem que mais falava aqui connosco
partiu sem jeito,
doente em pouco tempo
doente em pouco tempo
Não se se sabia tão mal,
nem ele , nem o médico, nem a família,
mas agora que partiu
já lhe sinto a falta das palavras
já lhe sinto a falta das palavras
que ouvia daqui, onde permaneço todos os dias
tal como escuto outras gentes
que aqui entram e saem por rotina
mas que falam sempre,
sempre, sempre da vida, da família, dos amigos ou vizinhos
sempre, sempre da vida, da família, dos amigos ou vizinhos
ou porque estão cansadas, doentes,
aborrecidas, fartas de alguma coisa.
mas falam sempre sem cansaço,
tal como ele falava,
tal como ele falava,
sempre muito e tanto
que agora que ele se foi
não sei como será,pois já lhe sinto a falta.
não sei como será,pois já lhe sinto a falta.
Ficarei sem mais o ouvir neste meu canto
e o que antes enfadava da sua conversa
já lhe sinto a ausência
a saudade das histórias repetidas,
já lhe sinto a ausência
a saudade das histórias repetidas,
dos desabafos que eram a sua vida.
Sei que ficará o eco,
sim, ficará para sempre o eco das suas longas conversas
das suas queixas e lamurias constantes
que afinal tinham fundamento.
Mas queria ser como tu,
escrever o que sinto em palavras curtas
inteligentes e acertadas
mais que certas,
que me consolassem
e fizessem entender e aceitar tudo,
mas não sei, não consigo,
não sou poeta.
sou gente comum
e até dizem que, por vezes tal como ele, também falo muito.
Mas queria ser como tu,
escrever o que sinto em palavras curtas
inteligentes e acertadas
mais que certas,
que me consolassem
e fizessem entender e aceitar tudo,
mas não sei, não consigo,
não sou poeta.
sou gente comum
e até dizem que, por vezes tal como ele, também falo muito.
Fica-me a dúvida se continuará a conversar para onde vai,
mas se o puder fazer
com alguém que por lá encontre
será bom,
com alguém que por lá encontre
será bom,
e eu ficarei mais tranquila por o saber feliz.
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