sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dois anos com Manuel

Manuel nasceu em Dezembro de 1979, e nesse ano esse foi o melhor presente de Natal. Nessa altura a sala do casal já tinha os sofás e uma mesinha de vidro, muito simples mas estava pronta para receber o menino. Na noite de Natal como de costume, o Manuel lá foi na sua alcofinha visitar os avós, mas depressa porque era pequenino e tinha que vir para casa que a noite fria não o queria pela rua.
Na passagem de ano, Isabel e Pedro na pequena mesa de vidro colocaram bolo-rei, passas, espumante, e com a alcofinha ao lado brindaram ao novo ano, a 1980, e á saúde de Manuel, para que ele crescesse com muita saúde e força, que para susto bastou o que passaram antes de ele nascer. Não sei garantir este pormenor tão importante, pois ela não me referiu, mas suponho que esta terá sido uma das melhores passagens de ano da vida de Isabel.
A doçura de um presépio real, à volta de uma mesa singela de vidro. Sentados no chão de pernas cruzadas, o Pedro e Isabel, e ao lado o Manuel na alcofa a dormir, lá fora um frio intenso mas um céu estrelado, e ao cair das doze badaladas os copos não tilintaram pois não eram de cristal, mas ambos os ergueram e fizeram votos de saúde e longevidade para si e para o seu filho lindo, que dormia ali ao lado. Por curioso que pareça por mais trinta anos, e outros tantos que venham, sempre que Isabel no dia de mudança de ano olha para o céu lembra este momento único, com imensa doçura e alguma nostalgia.
Aqueles dois anos que se seguiram foram intensamente vividos para aquele filho, tanto por Isabel como por Pedro.
Dizer que foi fácil não foi, mas aquele era um sonho tão desejado que Isabel esqueceu tudo o resto e dedicou-se completamente ao seu papel de mãe. Tudo era feito e pensado em função de Manuel, que parece que adivinhava tudo o que se pretendia dele. Dormia nas horas necessárias, comia as papas quando a mãe lhas dava e logo que o médico disse que estava na hora de começar a iniciar-se nas refeições dos pais Isabel assim fez, e Manuel gostou do sabor do arroz e do peixe e de tudo o resto.

Manuel parece que entendia o que o médico dizia. Isabel preparava a comida de acordo com as instruções do médico de forma que o filho pudesse comer, e sofregamente, ele comia agradavelmente a comida que ela lhe preparava. Difícil era mantê-lo calmo até a refeição acabar, pois tinha grande apetência para a colher, e quando se via sem ela na boca logo tinha outra que entrar.

As idas ao pediatra com Manuel ao colo não foram fáceis, pois eram longas tardes de espera até de noite para medir e pesar o bebé, ver se tudo estava bem, para depois voltar para a aldeia de comboio com ele ao colo. Como ele nasceu em Dezembro, os dias eram curtos e frios e Isabel carregada, chegava cansada e muito tarde a casa. Sozinha, porque Pedro que ainda não trabalhava fora, ficava no seu local de trabalho, e não podia ir com ela, aguentava com o peso do filho, fraldas que lhe ia mudando durante o dia e mais tarde suplementos de leite porque o seu começou a não ser o suficiente a partir do meio ano de idade. À noite ao chegar a casa vinda do pediatra da cidade, as suas costas doíam, mas havia que cuidar do banho do filho, fazer o jantar, e depois cuidar dela para descansar, que de manhã bem cedo o Manuel também mamava e depois um novo dia de trabalho começava.
Que para Isabel não houve dias de descanso de parto, como nos tempos actuais, depois do Manuel nascer logo que pode começou gradualmente a trabalhar.
O que mais constringia Isabel, era ter que dar mama ao filho no comboio, que por ser comilão não esperava para chegar a casa para comer. Respeitava rigorosamente os seus horários de refeição e assim muitas vezes, ela teve que o amamentar nessas viagens que fazia vinda do pediatra, antes de chegar a casa e os homens
continuavam os mesmos, pareciam que nunca tinham visto, apesar de ela se proteger (...)




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