Dez anos tinham passado, mas vista dali a cidade maravilhosa , mantinha o seu explendor, como que pintada pela mão de um pintor, todo a energia e majestade possiveis, numa mistura de montanha rochosa, cimento em betão armado e mar.
Na avenida marginal, o enorme circulo de areia recebendo no colo o oceano, mantinha o mesmo ar imponente, aquém e além pinceladas de chapéus de sol, pontos amarelos distribuídos ao acaso no areal, definiam melhor ainda o que a natureza ali engrandeceu e desenhou com perfeição. Os homens na praia, pequenas formigas coloridas mesclavam o areal, numa união singular de areia, mar e sol, transformando aquele quadro no mais belo do mundo.
Vistos dali, os meninos de rua, outros contudo, mas da mesma forma descalços e meio nus, pareciam felizes e libertos, brincando sem receio nem constrangimento, em frente dos carros parados nos semáforos, com laranjas feitas bolas, mantendo a avenida num frenesim constante…
Isabel estava fascinada, com todas aquelas belezas que tinha o previlégio de revisitar . Aquele era o lugar mais admirável, que alguma vez os seus olhos tinham vistos.
O Pão de Açúcar, obra construída por Deus, tamanha a grandiosidade natural, e depois acabada e mantida pelos homens, e o Cristo Redentor abraçando aquela cidade, aquele povo e nele todo o mundo, completavam o cenário mais extraordinário que alguma vez Isabel voltará a ver. Voltar a ver tudo isto era quase irreal…
Depois de tantos anos, estar ali de novo era mágico. O mesmo cheiro a calor húmido, o seu corpo lambido pelo ar quente, a visão de que o sol se põe tão cedo do lado oposto, e olhando o outro lado, continuando a mirar o Redentor, o prédio, que outrora lhe dera guarida numa posição majestosa, em frente ao mar, dando permanebtemente conta de tudo o que ali se passava. Tudo parecia exactamente igual, e Isabel quase acreditou que ali o tempo tinha parado.
Naquele piso do hotel, olhar todo aquele cenário da cidade, era magnifico e tão lindo, que Isabel acreditou que estava a sonhar. Esqueceu os meninos, porque essa visão a inquietava, e imaginou que o mundo podia começar e findar ali, sem mais nada...
Os namorados passeando pela praia ou no calçadão, consumiam-se em beijos lânguidos, ternos e demorados, e as senhoras passeavam os seus cachorros perfeitamente tosquiados e aprumados, como se fossem reis do mundo.
Homens e mulheres de todas as idades, a pé ou de bicicleta, exercitavam árduamente os seus corpos em exercícios lúdicos e frenéticos, queimando a pele ao sol e destilando suor em demasía, colorindo com movimentos permanentes, o passeio calcetado á portuguesa, que contorna o areal.
Daquele andar da Avenida de Copacabana , tudo parecia estar perfeitamente organizado e em conformidade com a natureza. Por segundos Isabel pensou que a felicidade existe, que os homens sorriem, e que não há mais meninos sós, nus e abandonados. Que não há fome, nem guerras, nem nada…
Se ela pudesse queria viver sempre ali, ali no alto, daquele sitio onde tudo parecia como outrora, belo e perfeito…, e esquecer tudo o resto.
Isabel fechou os olhos e pensou que não queria mais acordar…
E ficou absorvendo tudo aquilo , até que a luz do sol se deitou…
Sem comentários:
Enviar um comentário