sábado, 29 de maio de 2010

Amigo

Falei com ele e foi como se limpasse a agua suja de um grande jarro. A agua ficou turva, mas o lixo do cimo aparentemente saiu. Disse o que sentia naquela hora , ou quase tudo, que tudo seria muito para quem tão jovem não tinha sacrificar com os meus delírios.

Também há coisas que não adianta mais dizer, pensar ou repetir. Temos mais é que aprender a contornar a existência dos dias e maus momentos, situações mal resolvidas na vida um dia, e tentar sobreviver a elas, o que é deveras difícil tão ou mais, que sobreviver ao maior terramoto ou catástrofe de sempre. Todos os dias continuo a tentar sobreviver …

Por muito que se queira nada se repete nunca, nem de igual forma. Muitas vezes nada se repete. Seria extraordinário repetir factos, revivê-los, refaze-los como se fossem cálculos matemáticos e conseguir encontrar o resultado certo para cada um deles. Repeti-los continuamente, até obter o resultado desejado e aí sim, dar esse acontecimento por terminado e só aí, o considerarmos inserido, no conjunto de fenómenos que diariamente vão construindo a nossa história de vida.

Quantas contas matemáticas teríamos de fazer, para colocarmos tudo segundo a nossa vontade. Deixei por resolver muita expressão numérica , muita equação e até mesmo muita conta de somar… coisas simples e complicadas…

Todos nós teríamos com certeza histórias de vida fabulosas , ou quem sabe talvez não…

Ele ainda muito jovem, homem educado, ouviu-me atentamente, com o seu rosto miúdo parecia que me entendia tudo, ele que não tinha nada que me dar atenção .

Dançar faz-me bem, sinto-me viva e livre, esqueço o resto, faz-me pensar que ainda posso tudo, que se quiser posso viver tudo, o que pode ser socialmente correcto e normal ou não, para uma pessoa da minha idade, pois sou educada e não gosto de parecer ridícula.

Sinto a falta de força. Sinto o peso das pernas . Sinto falta de agilidade. Sinto cansaço. Claro que não tenho a graciosidade e leveza dos vinte anos, nem dos trinta, mas que importa?  Não vou desistir. Vou continuar a dançar, mesmo que no dia a seguir me doa tudo,  fique de cama e morra, tenha que estar deitada e tomar seja o que for para aliviar a dor, mas não vou parar. Antes morrer por dançar, que por estar inerte, parada..

Já decidi, este fenómeno que acontece neste momento na minha vida vou resolvê-lo como se fosse uma operação matemática, e vou deixá-lo perfeitamente resolvido. Tenho que repetir tantas vezes quantas as necessárias até obter o resultado pretendido. Não vou parar, até encontrar o resultado final.

Um dia os meus netos dirão, “a minha avó dançava muito bem “ ritmos latinos”, e sorrirão de alegria..

Obrigada professor P.P. pela  paciência que tem, em me ensinar e apoiar.

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