sexta-feira, 7 de maio de 2010

Breezes 2010

Queria guardar para sempre, ocupando todo o espaço da  minha curta memória, os jardins imensamente verdes e delineados, enfeitados por flores bem coloridas, a sombra do verde das palmeiras e coqueiros, o chilrear dos pássaros que livremente poisavam ali e acolá, esvoaçando livremente, o cheiro intenso a frutos tropicais naturalmente amadurecidos, a terra quente, vermelha e molhada, que a chuva, se não chega de dia de noite não tarda, o calor do sol quente e húmido, pois que a chuva permanece com ele lado a lado.

E o mar infinitamente azul e calmo, e quente, capaz de nos tranquilizar o corpo e a alma, despertando todos os sentidos …, o mar onde o sol todos os dias nasce em vez de se deitar.

Sentada novamente ali, tudo parecia ter-se eternizado. Nada parecia ter mudado apesar do tempo passado. Ali nada fora destruido ou inventado.

Tudo continuava igual ao que vira outrora. Ao contrário de mim que todos os dias morro devagar, para depois acordar....

Nada poderia acontecer que alterasse tudo aquilo que os meus sentidos pressentiam.
O riso das pessoas simples e humildes, que arrumavam meticulosa e exageradamente todos os dias, cada coisa exactamente no seu lugar, no mesmo lugar que já o era outrora. Que conversavam  com calma no seu português cantado, envergando  trajes abafados do trabalho, e o suor escorrendo pelo corpo, conversas que as dispunham bem, porque sorriam...

Visto assim, parecia mesmo que ali o mundo era perfeito.

Aquela paz e  arrumo entre  pessoas e  natureza, que conjuntamente desfilavam ordeiramente os seus afazeres, deixando o homem  viver, o sol passar, a chuva cair, tudo acontecer, como se todos já soubessem que era assim e não de outra maneira que tudo deveria ser. Isso encantava-me.

Gostaria de ter um acordo ritmado com a natureza, e viver com ela em harmonia …,sem ter que fazer de conta, sem inventar nada.

Sentir as coisas assim era um fascínio.

Inundava-me uma onda de paz e um tal alívio, que por segundos imaginava que o mal não existe …

O meu desejo seria viver ali, todos os dias,  misturada com aquele jeito diferente de ser, com aquela gente e a natureza, assim devagar, ao sabor do tempo e com o tempo a ajeitar-se a mim devagar, que devagar é que se vive ,…

Mas na verdade eu  não sou dali...., e também não sei se era assim que gostava de ser...

1 comentário:

Anónimo disse...

Beautiful!