sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O nosso canto


Quem disse que há sentimentos ou desejos que me estão proibidos?
Se alguém pensou de mim tal coisa, deve estar louco!

Eu sou igual a toda a gente,
e como todos sou cruel e má, tenho desejos,
e sentimentos menos puros...

Podia desejar outro alguém ali deitado,
enroscado ao meu lado, mas não quero!

Apesar do amor fraco, mal sentido, mal amado!

Nunca desejei para mim, esse outro homem,
apaixonado ou amante.

Esse outro amor, esse outro amado,
nunca me apareceu,
não o procurei,
nunca o conheci, nem ele a mim!

Talvez por isso, nunca o desejei ter em nenhum lado,
amor perdido, amor louco, amor ausente!
Muito menos ali o desejei,
naquele sitio de deleite,
que é dele, que é meu,
que é, foi e será sempre o nosso canto!

Deita-se a meu lado cansado e eu sinto-o quente,
 aquece-me demais a alma, dá-me paz,
dá-me conforto, tira-me o medo do escuro da noite,
do zumbido dos fantasmas,
que me atordoam à toa a mente,
continuamente todos os dias…,
que  teimam em se deitar comigo,
me assustam e tiram o sono,
tomando conta de mim,
como se eu fosse coisa sua,
como se aquele lugar lhes pertencesse!

E eu revolto-me, luto contra essa força oculta que me me prende !
Viro-me, retorço-me, dou voltas e mais voltas!

 E ele a meu lado a dormir,
 Parece um anjo…,
 que o sono vence os corpos cansados,
 que  cedo desistem  de amar fisicamente,
 mas que amam com o seu coração enorme, todo o mundo…!

Afinal a que podem conduzir a minha revolta, os meus fantasmas ?

E com o bater do seu coração acalmo,
 e sem me aperceber acabo por adormecer...!

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