segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O romance na quinta 5


Maria estava admirada com tudo o que via!

Como era possível o pai ter chegado àquela quinta, estar ali a trabalhar há tanto tempo e só agora a ter mandado chamar! A vida tem coisas estranhas, antes também ela não estaria preparada para enfrentar tanta mudança!

                                                   A paisagem vista da entrada da quinta era soberba.

As vinhas ondulavam no terreno, em carreiros muito verdes, perfeitos e ordenados como se tivessem sido pintados e não plantados, e depois devidamente arranjadas todas as videiras uma a uma, para que os cachos e o vinho, a casta, não perdessem qualidade! Tudo era feito com o maior rigor desde a preparação do terreno á poda, á vindima, e finalmente á preparação do vinho que na sua maioria era para venda !

Maria estava fascinada, os terrenos eram a perder de vista e  tão verdes, que pareciam um mar onde apetecia mergulhar….

E no estábulo o que mais a encantou, foram com certeza os cavalos!
Ao principio serviam no arranjo das terras, depois com a vinda das máquinas agrícolas, ter cavalos na quinta foi um costume a que a família se habituou, pois consideravam-nos os seus animais de estimação! Deitados agora um pouco de lado, há uns anos atrás, na infância dos netos do patrão (já falecido) do pai de Maria, todos aprenderam a cavalgar, e a trotear devidamente, indo de vez em quando á quinta treinar, durante várias épocas do ano.

Ultimamente porém, apesar do nascimento de um potro, nenhum dos jovens se deslocava muito da cidade até á quinta, para andar de cavalo….

Maria estava muito entusiasmada com tudo o que via e depressa tomou conhecimento do que mais lhe chamou a atenção que foram sem duvida alguma todo o trabalho que se relacionava com os cavalos!

Depois da entrada geral da quinta e do estábulo, da casa onde ia viver, das zonas de arrumos á volta, onde teria de se deslocar a fazer as suas lides diárias , foi com o pai ao Solar grande, conhecer a Senhora dona da quinta, que ofereceu a casa ao pai, em troca dos seus serviços.

Entre ambas surgiu uma empatia mutua. Trocaram muitas informações apesar de Maria não falar quase nada de francês.

Depois de muito conversarem Maria ficou á vontade para percorrer a quinta com um pequeno tractor que existia no alpendre, entrar e sair do Solar quando precisasse. Também Maria ofereceu os seus préstimos á senhora para o que fosse preciso. Realmente era como se ambas já se conhecessem há muito apesar do pai, ter passado o tempo a traduzir á filha a maioria da conversa pois á senhora, de vez em quando falhava-lhe o português!

Também a senhora estava encantada com a simpatia e simplicidade de Maria. Sentiu-a humilde mas inteligente e deu para reparar que gostou dela assim desse jeito.

Maria não se lembrava de se sentir assim compreendida, estimada, considerada, respeitada, amada.
Realmente sentia-se feliz naquele momento!

Aos poucos iria conhecendo o resto da quinta, que tempo era o que não lhe iria faltar.
Daí a algum tempo, era vê-la a dominar tão bem o guiador do tractor percorrendo as avenidas dos vinhedos até perder de vista, como as rédeas do cavalo “SULTÃO”,que começou a cuidar especialmente, e a aprender a cavalgar, o que sem dar conta chamou a atenção do jovem neto mais novo da senhora que tendo ido de visita á quinta um dia por acaso para visitar a avó reparou em Maria e na maneira altiva e airosa como montava elegantemente aquele cavalo!

Uma jovem na quinta, ainda por cima a cavalgar daquela forma?

Há muitos meses que não visitava a avó, e aquela visão intrigou-o deveras! Quem seria aquela moça loira tão bonita, tão interessante que ele nunca vira por ali! Não conseguiu evitar que a curiosidade o levasse a fazer um autentico inquérito acerca daquela rapariga!


Voltou uma série de vezes e nunca mais deixou de voltar…,e apesar de uma certa desilusão por saber, que ela era filha do encarregado, agora dono da casa pequena junto à cavalariça, cada vez estava mais preso a ela , tanto que toda a gente já reparava, já sabia…


Em toda a sua vida nunca tinha ido tanta vez visitar a avó como nos últimos tempos, quase não faltava dia nenhum.

Arranjava sempre uma razão, uma desculpa qualquer, mas a senhora sabia muito bem que a desculpa era a Maria!


O romance pairava no ar…


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