quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O meu GRITO!

 NÃO

Preciso gritar bem alto!
Gritar bem alto é pouco, mas preciso  gritar a dor que sinto, por não soltar nunca o desejo que o meu corpo reclama, de forma que se ouça em toda a parte  e faça eco em todos os cantos e becos …
Preciso falar e dizer ao mundo, a toda a gente, mesmo àqueles que não vejo nem conheço, o mal que me consome, que me mói, que me esmaga e me destrói por dentro lentamente….
Este mal que me destrói aos poucos de mansinho, desde que me sinto entregue ao amor físico, á troca, á partilha, á dádiva do meu corpo ao teu, entregue ao deleite do sonho de mil carícias, entregue á vivência do meu amor e do teu conjuntamente…


Queria sentir o meu corpo fervilhar de amor por ti cojuntamente, como idealizei desde bem cedo, e poder dar-te tudo, cada vez mais, e receber muito, mas muito, receber tudo, mas tanto, que não imagino o quanto, porque o que se dá e recebe não tem peso, nem  tamanho, não tem medida de troca …


Queria saber como era sentir as tuas mãos passarem no meu corpo como se fossem seda e sentir frio, ou calor isso que que importa,  e ter desejo de fugir, mas  ficar ali parada á espera que as tuas mãos e o teu corpo, serenassem o meu , e permanecessem nele e ali ficassem e o despertassem e lhe dessem prazer e vida e  o acordassem, como se fosse possivel recomeçar tudo de novo outra vez... Mas nunca foi assim, e nunca assim será, não sei explicar porquê, mas andámos perdimos eu e tu,  navegando no mesmo bote num mar revolto onde cada um a sei jeito tentou não se afundar...

Queria sentir ainda, o que aos poucos me fugiu, e eu parada a observar, o que fugazmente existiu  e já não tenho mais comigo!
Esse amor escaldante que se sente quando o amor nos visita cedo, esse fogo ardente que nunca segurei, que tentei prender mas  me fugia sempre, mal de leve lhe tocava , que nunca me visitou deveras, nunca foi meu amigo, amor físico mal comportado, mal tratado, mal amado, sofrido, chorado, impróprio, mal feito, e que hoje não sei por onde anda, onde se escondeu, que foi feito dele!
Amor sofrido, dolorido, ainda desejado, fugidio, que continua a povoar os meus sonhos de quando em vez…, malvado por me sacanear,  me torturar ainda, em vez de me dar calma e de uma vez por todas, me deixar tranquila a alma e o corpo!

Porque mesmo assim lhe sinto a falta, porque sei que existe, e se é possível existir, e é, para mim foi-se de vez, partiu, escondeu-se nalgum sitio bem longínquo, algures onde nunca mais conseguirei vislumbrar-lhe a cor, o jeito, a graça…
Preciso gritar para o mundo esta carência, esta falta, este sufoco, esta ausência de te não ter inteiro como sonhei, e tu ali, aqui, sempre tão perto!
Só muito tarde me dei conta que os sonhos nos traem, nos enganam, nos levam á pobreza física, á tristeza profunda, nos envelhecem, nos corrompem o espirito, nos enfraquecem,  nos fazem morrer devagar, nos elouquecem, tão devagar que não se sente que aos poucos vamos mesmo morrendo lentamente...
E eu não quero morrer..., muito menos lentamente, isso não!
Senão quando morrer não morro inteira!
Quando morrer, quero morrer num segundo, ou menos tempo ainda! Mas agora que disse tudo vou mais leve, mais tranquila...!
Tinha que dizer que não amei nem fui amada como imaginei que seria...
Vivi de olhos vendados toda a vida!
Tinha que o dizer num  só grito!
Não!
Mas se na vida não amei por completo, porque não soube amar, não entendi o amor nem ele a mim, ou não mereci ser assim amada porque assim estava escrito, quando morrer quero que todos saibam que mesmo assim  amei, esse amor sofrido, calado, derrotado, mal-amado, mas amei e nunca desisti nem nunca me dei por vencida..., e amei o mais que pude e soube, e se mais não amei é porque não consegui!
 Eu juro!
          
           Nunca devia era ter acreditado nos meus sonhos,
         ...porque os sonhos traem, os sonhos são meras fantasias e quimeras e enganam...!

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