sábado, 17 de abril de 2010

A lua de mel

Sempre com as suas mãos nas do Pedro, Isabel dentro do carro desistiu de olhar para trás. Já não via o pai e a mãe não tinha aparecido…
Não esquecia o facto de não ter dado um beijo á mãe e de não ter olhado para ela, de lhe ter dado um beijo,  no momento em que saiu de casa para iniciar uma nova vida.

Tinha-a protegido tanto, tinha sofrido tanto por ela, e partia sem uma palavra de carinho, não entendia e custava-lhe a aceitar.

O tio de Isabel deixou-os no hotel. Subiram e no quarto depois de poisarem as malas Pedro sugeriu, que como era cedo o melhor era saírem e dar um passeio. Isabel concordou. Aliás concordaria com tudo o que o seu marido sugerisse naquele momento.

A verdade é que ambos estavam ali, sem saber muito bem o que fazer. Durante o namoro, por vezes abraçavam-se tão intensamente que  pareciam fundir-se num só, e as carícias que trocavam era suaves e doces de tanta ternura, mas nada mais. Agora estavam ali confundidos, sem saber o que fazer ou dizer. Ambos nervosos resolveram ir passear….

Isabel não imaginava nem um bocadinho o que seria estar com Pedro intimamente. Desejo de ficar com ele, ela tinha, mas não imaginava o que devia ou não fazer e como seria tudo além dos beijos e abraços que sempre tinham dado. Pedro nunca lhe tinha proposto, pedido ou sugerido algo além disso. Nunca tinham falado nem discutido nada acerca de assuntos sexuais, não imaginava como seria essa parte da sua vida. O que Isabel sabia tinha a ver com alguma coisa que tinha lido no seu curso, ou alguma conversa que possa ter tido com alguma colega experiente, mas tudo isso limitava-se a quase nada. Sonhos tinha muitos, sonhos decerto demasiado irreais....

Como seria fazer amor com o Pedro? Tinha imaginado tantas coisas e naquele momento a sua cabeça estava oca e sentia-se  acanhada. Parecia uma criança assustada e ingénua que não conseguiu ler correctamente o nome do café onde entraram nessa noite…”Evropa”, foi o que leu..., em vez de "Europa".

Mas tinham que voltar ao quarto. Arrumaram nas gavetas as roupas da mala, e Isabel foi tomar banho. Um duche que podia ser tomado a dois, mas não. Um de cada vez, tomaram o seu banho e depois de Isabel deitada, Pedro  vestido de pijama verde, resolveu arranjar uma lâmpada da cabeceira da cama, que estava avariada.

Isabel não sabia como se iria desembrulhar aquele novelo cada vez mais enredado e sem fio para puxar. O coração dizia-lhe que nada daquilo devia estar a acontecer, não era assim que as coisas deviam ser, mas mantinha-se calada e parada como uma estátua. Finalmente Pedro deitou-se e tudo se desenrolou muito depressa. Parecia que de um momento para o outro, algo muito urgente tinha que ser feito fosse como fosse, e de qualquer forma, como que se urgentemente tivessem que encontrar resposta para algo que não podia esperar. Isabel estática, esperava que tudo acabasse depressa.

Tantas vezes tinha desejado ardentemente estar muito juntinho de Pedro e assim, ali, naquele momento, não entendia aquela pressa, a força, o silêncio,a falta de carinho, a dor, a dureza e a secura dos movimentos. Não podia ser assim…, seria verdade o que a avó lhe tinha dito, quando lhe falou em “serrar”?

Isabel estava triste, magoada e tinha dores. Como ela, Pedro não tinha experiência nenhuma, mas a sensibilidade não o ajudou, e em vez de naturalmente, começar com beijos e abraços a acariciar Isabel, para a envolver na mesma emoção, sem se preocupar com mais nada, pensou em cumprir regras estipuladas e actuou de uma forma mecânica e brusca, que deixou Isabel sem saber como actuar e absolutamente paralisada, com o que ele estava a fazer, de forma que  se limitou a perguntar:
-”já está”?

Nem com mil palavras seria possível descrever o que Isabel sentiu naquele momento em que Pedro lhe respondeu, que no dia seguinte faria o resto… Meio atordoada Isabel só pensou:

“….então, ainda não está tudo…?”
 Mas desiludida e confusa, concordou!
 Aquela tinha sido a sua primeira noite de amor com Pedro, e estava muito longe do que ela pensava ser  fazer sexo com amor. Estava dorida, e sabia que aqueles momentos deviam ter acontecido de outra forma, não sabia como, mas sabia que tudo deveria ter sido diferente. Agarrou-se muito a Pedro, e pelo menos isso foi como sonhou, adormeceu muito agarrada nos braços dele e nessa sua primeira noite de casada, um pouco triste mas esperançada, não teve pesadelos.
Tinha a certeza que o pior tinha passado.

Muitas noites e dias se sucederam uns aos outros e  Pedro e  Isabel, com medo que o mundo acabasse, faziam tudo atabalhoadamente, sem que Isabel sentindo que tudo aquilo estava mal, dissesse ou fizesse alguma coisa para alterar as coisas. Também não sabia como fazer…, não estava á vontade, não queria magoar o marido, mas tinha a certeza que não era nada daquilo que deviam fazer. Ela não sentia nada! Ambos tinham muito que aprender…

Gradualmente foi aceitando aquela situação sem ter coragem ainda de reclamar. Mas a marca desses actos já estavam gravadas no seu coração.

Foram  dias diferentes de todos os que Isabel tinha vivido em toda a sua vida. Saíram muitas vezes á noite e chegavam de madrugada ao hotel, iam á praia e passeavam de mãos dadas, encontraram-se com alguns amigos, mas Isabel continuava magoada, pela mãe não ter aparecido quando saiu de casa. Lembrava-se dela com tristeza e preocupação. Só muito mais tarde Pedro, que sabia do acontecido, contou a Isabel o que aconteceu…enfim uma daquelas cenas habituais entre António e Graça…

Foram tantas as emoções que Isabel viveu com Pedro, todas tão diferentes que mesmo não tendo sido todas tão agradáveis como imaginara, no final daqueles dias, tinha a certeza que nem que vivesse cem anos, nunca mais teria oportunidade de viver momentos iguais aos vividos ali, naquela praia, naquela cidade, nos locais visitados, naquele quarto…

Isabel sentia-se livre como nunca,  apesar de não estar  satisfeita com o decorrer da sua relação sexual com o marido, que era tudo menos normal. Confiava que tudo ainda iria melhorar.

Descrever em pormenor todas as coisas que passavam na cabeça e no coração de Isabel não seria possível. Nem todas as palavras descreveriam exactamente o que Isabel sentia. Finalmente mal ou bem, ela estava a aprender a viver….

No ultimo dia que passaram na Falésia foram até ao mural de onde viam em plenitude todo o horizonte marítimo, e com muita saudade do vivido ali a dois, olharam-se nos olhos e com lágrimas afirmaram que só daí a muitos anos poderiam voltariam a estar assim juntos tantos dias naquele local. Esperava-os muito trabalho…Apesar de tudo, reconheciam ser muito amigos e ter uma grande cumplicidade!

Á espera deles, uma casa humilde e pequena, mas só deles, aguardava-os numa aldeia, que seria a partir daí a sua nova terra.

Abandonaram o hotel e com uma  mala vermelha tipo lona, enorme nas mãos, apanharam o comboio. Acabava para começar ali, uma parte muito importante da vida de Isabel.

Quando desceram na estação dos CFerro, ambos caminhavam para o desconhecido, mas com muita esperança que tudo pudesse correr bem na vida futura que os aguardava.

No coração, Isabel levava muita vontade de ser feliz e fazer feliz o Pedro, e os filhos que sempre sonhara ter com ele.

Havia de superar todas as dificuldades e cuidar da sua família com o carinho, que tanto lhe faltou desde menina.


Isabel queria finalmente ser livre e feliz, mas será que conseguiria?

2 comentários:

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