Tanto tempo partilhado, tanta cor,
tanto brilho nos sorrisos,
tanto tempo de mãos dadas,
unidas partilhando caminhadas.
Mas só isso é muito pouco,
foi sempre muito pouco,
tão pouco,
que agora que penso
me parece nada.
Se debaixo de mim brotam desejos ardentes,
ensejes de viver paixões e outros amores mais fortes,
mais quentes e celestiais
porquê esconder-me nesta capa que me abafa,
me sufoca, me mata aos poucos
me obriga a fechar os olhos,
a negar a vida, a dizer sempre não,
a viver triste, azeda e descontente?
Quero este, aquele outro,
em qualquer momento, a qualquer hora,
quero todos que me amam, nada mais,
quero sentir paixão e amor ardentes
por ti, por aquele ali ou por aquele outro além, tanto me faz,
mas quero sentir a vida pulsar dentro de mim,
arrancar este vazio que me inunda brandamente,
me destrói e não dá paz.
Sim, não quero mais viver a solidão.
Não sei o que é o amor, penso que não,
e muito menos sei o que é paixão,
mas sinto que preciso viver esses prazeres,
essas sensações de bem querer e querer bem
ser amada, amada, eternamente amada e amar alguém.
Sair do mundo, fugir da vida, sorrir,
ser feliz
e não ter medo de nada.
Estou tão parada, amarelecida pelo tempo,
Sem firmeza, engelhada, encurvada pela espera,
pelo desalento tão cansada
que já esqueci tudo,
perdi todas as vontades
e não quero mais nada.
Se hoje é Verão isso que importa?
Acordei de manhã cedo e tudo estava negro e baço.
Eu tinha frio e desalento e medo, medo, muito medo.
Para mim há muito que se foi a Primavera.
Agora espero que este Verão gélido passe e
que o Inverno doce me acolhe em seu regaço.
Fotos do Google
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