Desde miúda que a Carolina ia à missa todos os
domingos com a avó. Recostando o rosto na mão que apoiava no seu queixo passava
a hora da missa a ouvir falar o padre, encantada com o som da sua voz. No seu
coração, desde que ia à missa com a avó, sempre se imaginara apaixonada por
aquele homem de vestes brancas, ou não, mas calmo com voz de veludo. Era com
ele que um dia gostaria de namorar e quem sabe casar, de véu e grinalda,
entrando por aquela igreja, com muita gente a vê-los sorrir felizes.
Ele era jovem e Carolina, sonhadora, nem dava conta da
missa acabar. Sonhava com ele a toda a hora, via-o em cada canto, em cada lugar
que passava, em cada coisa que fazia.
Tudo e todos se pareciam com aquele homem
de vestes lindas, enfeitadas de dourados, de mãos muito brancas e aveludas, com
a barba meio por fazer, que falava num tom suave que lhe transmitia sono e paz,
que para ela lhe parecia um Deus.
E assim, sonhava com ele todos os dias, todas as
noites, cada segundo da sua vida. Vivia deslumbrada com a sua imagem, e
acreditava estar apaixonada, só podia ser isso. Mas guardava esse segredo só
para ela e nem à melhor amiga o confessou algum dia.
Sempre que podia, mal
chegava da escola, arranjava perante a mãe uma desculpa para sair, e lá ia ela direita
como um fuso até à igreja, não para rezar, claro, mas atenta a quem entrava e
saía, para ver se o via a ele aparecer, por tanto
que o queria ver todos os dias. Carolina vivia obcecada por aquele homem que,
afinal, por variadíssimas razões, nem dava conta dela. Para ele, ela era mais
uma jovem, do grupo de jovens, que frequentavam a igreja.
Eram tantas as mulheres que iam à missa e o abordavam
por uma coisa ou outra, que estava muito longe da sua cabeça olhar para aquela
jovem de forma distinta. Carolina era mais uma das ovelhas do seu rebanho, só
isso.
Mas Carolina foi crescendo e a obsessão pelo padre não
passava.
- A sua menina é muito religiosa: diziam as vizinhas à
mãe de Carolina - anda sempre na igreja.
- É como as outras. Como é catequista vai várias vezes
preparar as aulas e ter encontros com as crianças. Mais vale ali, que noutros
lugares. Ali, sei que está bem.
E assim a mãe de Carolina calava a coscuvilhice das
vizinhas, sem as entender, que viam a rapariga andar sempre a entrar e sair da
igreja o que lhes fazia alguma confusão.
Carolina nas suas idas à igreja falava com as crianças
sim, mas sempre a pensar qual seria o melhor local para deixar os segredos
escritos em papelinhos para o seu apaixonado. Começou por deixar papelinhos,
ora na sacristia, dentro da bíblia, ora no bolso da batina do padre e um dia no
confessionário, onde o senhor padre se sentava para fazer o ato de
reconciliação dos fiéis.
E os papelinhos eram tantos que o padre tinha
mesmo que dar com eles. E já andava intrigado. Seriam para ele? Não tinham
nome. Raios, se ao princípio aquilo não o ralava, passado algum tempo começaram
a intrigá-lo. Um dia enquanto confessava uma velha senhora, viu um papelinho
que começou a ler. Encontrara-o enfiado na ranhura do oráculo, quando
confessava uma senhora já idosa.
- “Gosto muito
de si….” Quero dizer, minha senhora gosto que todos os meus fiéis façam
como a senhora e venham fazer a sua confissão, pois o ato de reconciliação é um
ato religioso tal com a missa, que deve ser cumprido por todos os cristãos, como
manda a lei de Deus.
Santo Deus, quase se traíra. Ler o papel em voz não
dando atenção aos serviços religiosos a que devia estar atento. Ai se a velha
percebesse….
Mas quem seria que deixaria tanto papelinho escrito
com versos, rimas dispersas, algumas bem interessantes, espalhados nos locais
que ele mais frequentava na igreja.
Até já o sacristão lhe tinha entregado um papel que
tinha por fora o nome dele: “Padre Américo”,
pois se muitos não tinham nome, aquele estava identificado. E se o velho
sacristão o tivesse aberto? Teria, no mínimo, ficado pasmado
Lá dentro lia-se uma quadra: gosto de ti porque gosto
gosto de ti porque sim
gosto de ti porque sei
que também gostas de mim
Só podia ser alguma velha tonta, ou quem sabe algum
miúdo travesso para gozar com ele. O padre não sabia o que pensar. Mas apesar
disso lhe dar que pensar e lhe criar situações embaraçosas, tentava não dar
muita importância ao caso e esquivava-se a comentários.
Mas um dia aconteceu. Um papelinho deixado ao acaso no
cimo do altar foi apanhado pela senhora que costumava mudar as toalhas e as
flores do altar principal. Foi uma fisga fácil e daí a nada todas as senhoras
que cuidavam da igreja sabiam do papelinho e pior, do seu conteúdo. Carolina
sem se identificar dizia: “… morro de paixão
pela sua voz, pelas suas mãos aveludadas que sinto macias, por tudo o que lhe
vejo, gosto de si como se fosse o meu sol, a luz que me dá vida…”
Mas quem iria para a igreja deixar papeis com aquele
conteúdo? As senhoras estavam confusas e perplexas.
Só podiam ser troca de papéis de namorados. Mas quem?
Tinham que colocar um fim a tudo aquilo. A igreja era um local sagrado.
Ninguém suspeitou do padre mas Carolina soube, porque
na cidade quem gravitava à volta da igreja soube, que os seus papéis com as
suas declarações amorosas escritas ao padre foram encontrados. Chatice, assim
nada daquilo tinha graça alguma.
O padre já não estava senhor da situação e temia ser
colocada em causa a sua reputação, com uma brincadeira de mau gosto. Umas vezes
era ele que encontrava os papéis, outras vezes o sacristão e outras as senhoras
que cuidavam da igreja.
Pensaram então que os papéis, com semelhantes
declarações amorosas, deviam ser de um homem que muitas vezes ia à igreja e ali
encontrara forma de trocar com a sua amada, os sentimentos que sentia por ela.
Coitado do homem que, também ele encontrara,
escondidos nos bancos onde se sentava, alguns papelinhos amorosamente escritos
que o colocavam em pulgas.
O coitado viveu durante algum tempo um dilema sem
saber quem era a mulher que tanto bem lhe queria.
Sim, quem seria? Alguém lhe queria bem e ele já se
sentia apaixonado mas não sabia por quem.
Já se sentia enlevado por um
sentimento que o alegrava e fazia sorrir, mas não passava disso. Se fosse verdade
alguém gostar dele, daquela forma, que bom seria, pois era solteiro e nunca
fora capaz de se declarar, nunca, a mulher alguma.
Se fosse alguém que o amasse e o quisesse de verdade,
alguém ainda jovem e com bastante genica, melhor seria.
E o homem viveu desesperado
até que acalmou os ânimos, pois por mais papeis que deixasse, de volta não recebia
as respostas que mais desejava. Nunca chegou a qualquer resultado.
E desanimou
até que desistiu de encontrara a sua suposta amada.
A certa altura, quando Carolina encontrava papeis
escritos nalgum banco ou local da igreja, que de início arranjara como secreto,
rasgava-os todos, pois descobriu que aquela letra não era a do padre.
Não
descansara enquanto não descobrira a letra do seu amado, e aquela letra torta e
com erros não era a dele.
Tinha a certeza, pois lutara, fora difícil, mas
conseguira um dia conhecê-la bem. Andava a ser enganada e não sabia por quem.
E tal como o homem, pensou que deviam andar a gozar
com ela, por isso o melhor era parar com tais escritos e nem falar daquilo a
ninguém. E por algum tempo quedou-se, por ali, num silêncio escrito absoluto.
Que diriam dela na rua se a soubessem metida em troca de papelinhos na igreja?
As amigas iriam todas gozar dela.
Carolina sentia pena do homem que lhe deixava os
papelinhos e quase chorou por ele, pois o seu coração quase se apaixonou pelas
suas palavras tão românticas.
Só lhe faltava aquilo - estar apaixonada por dois homens: o padre,
que conhecia bem e de quem ela gostava e aquele outro que, não sabia quem era,
mas lhe apanhava alguns papeis e lhe respondia, com erros, mas a confundia
dizendo-lhe palavras meigas e doces ainda que muito singelas.
Mas ela não podia continuar naquilo. O desconhecido
parecia ser meigo pelo que lhe escrevia, mas dava erros, não era poeta e não
lhe sabia dizer as palavras, que imaginava ela, se fosse o padre a escrever,
lhe diria com certeza. Ia esquecer aquela pessoa.
Tinha que esquecer pois, com
aquela sua vida, parecia viver na lua. Os estudos estavam a ficar para trás.
Passava os dias a magicar no mesmo e assim não dava.
No dia em que descobriu que o padre apanhou algumas
cartas e tendo-as em seu poder queria descobrir quem andava a tramar uma
brincadeira de tão mau gosto, corou sem o ver e resolveu ficar um tempo sem
aparecer na igreja.
As senhoras da igreja comentavam este assunto, um dia que
ela foi à igreja dar catequese, e enquanto com um ouvido atendia os miúdos, com o outro
ouvia bem os que as senhoras falavam: “……o
padre garantiu que vai descobrir quem anda a cometer tais desatinos dentro da
igreja…, isso era antes no sec. passado….sempre há cada uma…”
No final daquela aula de catequese Carolina disse aos
miúdos que iria estar ausente um tempo pois tinha que estudar para uns exames
muito importantes. Depois arranjaria forma de lhes comunicar o reinício da
catequese.
Quando ela ia a sair da igreja, o padre viu-a e
chamou-a
- Carolina, chega aqui por favor.
Carolina corou o mais que pode, mas foi.
- Sim senhor padre.
-Isto é teu? Parece-me a tua letra. Será.
- Hã…, isto é, é sim, senhor padre. Deve ter-me caído
do bolso. Era para o meu namorado, decerto era. Tenho a certeza. Sabe como é,
não tem mal nenhum somos namorados.
- E os outros todos que tenho encontrado por aí, já
para não falar nuns outros, com a indicação do meu nome?
- Não, não sei do que fala senhor padre.
- Sabes que mentir é pecado, não sabes? Fala! Vais ter
que rezar um terço inteiro, ajoelhada aos pés da virgem Maria, sempre de cabeça
baixa.
- Não me digas que o teu namorado é um homem que vejo
muitas vezes ao fundo da igreja. Andas a brincar com ele, a divertires-te com a
sua vida? És mazinha. Em vez de um terço, rezas dois, sempre de cabeça baixa.
- Mas senhor padre, não conheço esse senhor e não sei
do que fala. Só esse papel é meu. Deve ter-me caído do bolso. Porque não o
compara com esses outros que diz que encontra.
E Carolina desafiava o padre correndo um risco
terrível, mas sem temer, continuou:
- Vá, compare!
- Rasguei tudo aquilo, rapariga. Cumpre a tua pena e
tem juízo, que nem imaginas as voltas que estes papelinhos têm dado à minha
cabeça.
E ela cumpriu a pena enfrente à Virgem, não sem deixar
de pensar feliz…”ele leu os meus
papelinhos, ele leu os meus papelinhos…e está confuso da cabeça…”
De noite sonhou com tudo aquilo. Era tudo tão
estranho. Só podia ser tudo um sonho, uma ilusão.
Ela apaixonada pelo padre e
ele descobrir um papelinho escrito por ela com frases enamoradas, e dirigir-se
a ela como se isso fosse muito natural.
Tudo aquilo só podia ser um sonho, uma ilusão.
Mesmo
que fosse verdade, como podia o padre alguma vez gostar dela e olhá-la como uma
mulher diferente? Os padres não casam. Era, só podia ser uma ilusão, uma
quimera, um sonho que tivera.
Mas, para dar tudo por encerrado, escreveu-lhe um
último papelinho explicativo e meteu-lho no bolso da batina.
Ali contava-lhe o
que fizera aquele tempo todo. Coitado do homem que não tinha nada a ver com
nenhuma histórias de papelinhos e que fora envolvido nesse enrede.
- Carolina, olha o pequeno-almoço, vais chegar
atrasada às aulas - chamou-a a mãe da cozinha. Como sempre já estás atrasada.
Carolina apareceu, como sempre, apressada. Vinha com
um ar meio cansado e mal dormido.
- Tive uma noite mãe. Nem te conto. Bolas. Não sei se
sonhei se vivi, mas fartei-me de ver e viver coisas de noite. Olha, diz-me eu
quando era miúda ia sempre à missa com a avó? E dei sempre catequese?
- Que pergunta filha. Sim, ias com ela ou então
comigo. Mas que disparate é esse? Não te lembras? E depois sou eu que ando
esquecida.
Olha, está ali um ramo de flores do vizinho do 3ª Esq.
Ele bem te quer, mas tu não lhe ligas nenhuma. Farta-se de te mandar flores
para aqui e tu nada. Chega a ser falta de educação. Olha lá quando é que
assentas? Eu no lugar dele já tinha desistido.
- Mãe, sabes que não gosto dele e que algumas flores
que me envia até me fazem alergia. Que chatice, não lhas peço, pois não? Além
disso é burro e dá erros no que escreve nos cartões.
- No mínimo podias responder ao rapazinho, ligar-lhe,
escrever-lhe um papelinho, que ele bem merece.
- Por favor mãe, não me fales de papelinhos, não
agora. Tchau. Estou atrasada.
-Rapariga mais tola. Vê se atinas. Olha que, quem
muito escolhe pouco acerta, e o rapaz vai ser engenheiro, é alto e boa figura.
Mas Carolina já não ouviu a mãe. Estava atrasada e com
a cabeça a fervilhar de tanta confusão que lhe ia por dentro.
E ela que chegou a pensar que as flores podiam ser do
padre ou de algum colega ou amigo. Que confusão morava na sua cabeça. Já não
sabia o que era certo ou errado o que era verdade ou ilusão, ou mesmo mentira.
Mas que lhe importavam as flores, se os cartões que
traziam eram sempre enigmáticos, sem nome, ainda que escritos de forma muito
poética? Podiam até ser de algum tarado que imaginasse que ela podia ser uma
poeta, que apaixonada, lhe respondesse com sonetos.
Carolina pensava mais do que fazia. Papelinhos
escritos com carinho falando de amor, cartões enigmáticos escritos nos ramos
que recebia, e nos cantos dos seus cadernos, em qualquer papelinho, ela
escrevia sempre frases que, soltas ou não, falavam de amor, de paixão, de dar e
receber ou dar e ter, ou não ter e querer ter e possuir.
Sim, Carolina descobriu que amava as palavras: as
ditas, as escritas, as que lhe iam na mente, todas as que queria colocar cá
para fora e lhe diziam um monte de coisas bonitas, ou feias, mas que ela queria
ver escritas.
Seria a forma de se libertar de todos os sonhos verdadeiros,
ou não, que a apoquentavam desde menina, coisa que naquela altura nem estava
interessada em descobrir se eram verdade ou simplesmente uma ilusão.
Só lhe interessava uma coisa: ela descobrira o seu
maior amor, as palavras escritas.
Mas quem havia de a ajudar e ensinar a escrever bem
poesia. Ela sonhava com a poesia, com poemas escritos, os tais papelinhos que
falavam de amor, mas aquilo não era nada, era pouco. Ela tinha que descobrir
alguém que a ajudasse, que a ensinasse, que escrevesse para ela, e com ela,
poemas, muitos poemas de amor, de paz, felicidade, alegria, de tudo que pudesse
transformar o mundo, num mundo melhor.
Depois, quando soubesse bastante, saberia o que fazer
com eles.
E arranjou. Tanto procurou que arranjou.
E escreveram, escreveram e estudaram muito. Analisaram
o português, a poesia em todos os seus recantos, e Carolina apaixonada pelas
palavras, pelos poemas escritos, depois de ter escrito mais de mil poemas e
frases de amor, paz e união, espalhou-as pela cidade inteira, sem deixar um
canto sem as suas palavras escritas e tão sentidas.
Dizia-lhe a mãe:
- Mas que andas a fazer filha? Pareces louca. Cheia de
papéis, não ligas a mais nada. Estás magra, pálida. Oh filha, o que andas tu a
fazer?
- Estou apaixonada mãe, apaixonada. Arranjei um amor
novo, meu, só meu.
- Mas se é teu namorado, claro que é só teu. Mas estás
pálida, quase não dormes e andas sempre apressada com tanto papel atrás de ti.
Mas que tanto escreves tu. Um dia vão chamar-te louca.
- Vão nada mãe, vão nada. Vão é enamora-se como eu.
Não sentes a paz no ar?
- Sabes filha, não te entendo. Juro que não.
Ultimamente andas esquisita.
- Então, não querias que eu arranjasse um namorado?
Tenho um e reclamas?
- Mas quem é quero conhecê-lo.
- É o meu poeta. É o homem que me ensinou tudo o que
sei.
- Ó Carolina, mas desde quando ser poeta é ter uma
profissão, é trabalhar para criar uma família? Será que estás louca?
- Não, mãe, estou apaixonada, não vês?
E Carolina nunca mais deixou de escrever.
E editou um livro, depois outro, e outro. O mais
doloroso foi dizer ao seu poeta, ao homem que tanto lhe ensinara e fizera por
ela, que não o queria como homem, como amante. Ela só o tinha como amigo, pois
a sua paixão eram as palavras a poesia, que a certa altura e sem ela dar conta
já tinham saído da cidade e aos poucos espalhavam-se pelo mundo.
O poeta ficou desolado, mas entendeu. Carolina lutava
pelo amor no mundo, a paz e união entre todos e não pensava nela senão
integrada nesse todo, sabendo que só seria feliz se sentisse o mundo feliz.
Nesta altura pouco importava a Carolina se o que um
dia lhe acontecera ainda jovem, quando misturara os seus sonhos com a realidade
era um sonho ou a realidade. Não se importava, nem queria saber se tudo tinha
sido mesmo uma ilusão ou uma verdade. Se os papelinhos que escrevera ao padre
seriam uma certeza ou uma mera ilusão, mas sabia que fora aí que tudo começara.
Fora isso que a transformara na mulher que era então. Livre, forte como o
vento, mais espontânea que as ondas do mar mais rasgadas, que ora batem com
violência na praia ora se arrastam de mansinho, mas sempre nem nunca pararem ou
vacilarem.
Carolina era uma mulher capaz de enfrentar todos os
vendavais e foi assim que passou a ser reconhecida por todos na sua cidade, a
grande poeta Carolina, cidade a que colocaram, por sua causa, o nome de “Cidade da Poesia”.
Passaram a chegar à cidade pessoas de todo o mundo que
queriam visitar a cidade da Poesia e aquela poetisa, tal era a fama que
alcançara pelas poesias que escrevia.
Ninguém sabe, mas o padre acabou por desistir de o
ser.
Pediu autorização ao Vaticano, e, ou por amor a
Carolina, às palavras dos poemas que ela escrevia, ou porque os papelinhos de
facto existiram e o enfeitiçaram, um dia pediu perdão à Virgem, rezou muitas
orações, e deixou as senhoras da igreja de queixo caído abandonando o que
pensara sempre ser a sua vocação.
Tinha sido enfeitiçado pelas palavras e trabalhava ao
lado de Carolina a dar-lhe apoio quando recebiam estrangeiros para visitar a
cidade e ouvir as palestras que dava sobre as Palavras Ditas e Escritas de
Carolina.
Inês Maomé
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