Espero há
tanto o beijo que não tenho e o resto
O abraço que
não vem,
que parece viajou para o espaço
As noites de
amor que se esfumaram
hoje que durmo num silêncio profundo e cansado
Ando drogada
por tudo,
saudosa do mundo que vive fora de mim
Sinto a ausência
do mar, do seu frio salgado
que há tanto não vejo,
não sinto molhar-me os lábios
tocar-me a
pele,
abraçar-me num repente
e num
arrepio dizer-me que estou viva,
que não morri
e ainda é tempo de tudo,
quem sabe de ti e de mim
Estou presa
a muito pouco
Seguro-me a
algo que não vejo
que só indelevelmente
pressinto
que é muito
pouco e não me sacia os sentidos
Mas lerda,
amorfa e queda, deixo-me ficar assim
como se o
mundo tivesse parado em mim
e nada mais
me reste agora,
que o
respirar, o ser e estar por estar e ser
o existir na
mágoa do que não sinto
Tenho os
sentidos adormecidos
Sei que é tarde,
e resto-me encostada ao que fui
Vendo as
ervas e o resto do mundo crescer,
olho para dentro de mim
enquanto mirro e seco
e perco a cor e o brilho, a vontade e a força de ser gente
E devagar tudo desaparece,
perco tudo, até o vento que me afagava o rosto
coisas banais
que afinal só sonhei e pouco tive
pois não me
seriam devidas,
mas que eu
queria tanto e agora tão profundamente
que me dói e
fere pensar que nunca serão mais minhas
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