E
o apito do comboio
trouxe
à minha mente aquele dia,
o cinzento do céu, os gritos de dor
o falar do povo incrédulo
Entre
os ferros paralelos jazia morto
tão
jovem, ainda escusou-se à vida
que
lamento, que estranha sina
que
tortura e mágoa tamanha
para
aquela que o trouxe no ventre
que
o pariu, lhe deu amor e do melhor que tinha
Tudo menos
o fio sublime
que o devia segurar à vida
E
a dor no seu peito avolumou-se
Transformou-se
em nada e em tudo
e da dor e do lamento perdeu a vontade,
e o ser viva, existir e ser gente
rasgou-a
inteira. ´
Estava perdida.
Um dia quando se olhou por dentro
reparou
que dela não restava nem um pingo
Via-o
a ele de novo em si.
Queria-o
de novo.
Precisava senti-lo no seu colo,
dar-lhe mimos
Viver
assim, não era vida
era
uma dor negra e permanente
um
sacrilégio,
um estar por estar algures sem lá estar
Um
desgastar de dias
pensando só no que seria feito dele
Do
seu menino que tão novo se cansara desta vida
Saudades,
tristeza magoada,
algo que não se explica
fazia-a
pensar e ver só aquelas linhas negras de ferro paralelas
contínuas,
duras e frias,
de onde ele se fora um dia
e quem sabe a levariam até ele
E pensando nisso
foi lá que um dia se deitou
e
num repente,
se sentiu a morte ninguém sabe
mas do seu coração o grito que saiu foi de
esperança
um
ai profundo,
um grito de força e coragem
o querer voltar para ele e partir da vida para outra vida
A felicidade de estar com ele de novo, tinha-a como certa
tal como a certeza de
lhe dar de novo colo e carinho
de
voltar para junto do que fora sempre o seu menino
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