Pelo caminho pouco falaram, mas a cada passo dado, José Carlos encostava-se mais a Helena e ela ia sempre permitindo essa aproximação que lhe sabia muito bem. Precisava de carinho, de alguém que lhe quisesse bem, e aquele conforto vindo assim daquele homem, que na verdade desde que ela vira a primeira vez lhe chamara a atenção, atraia-a cada segundo, mais um bocadinho. As suas mãos de tão entrelaçadas que iam, pareciam não querer desunir-se nunca mais, e isso sabia-lhe bem. Estava de facto encantada com tudo o que ele lhe dissera, e ia gostar imenso de namorar tranquilamente com José Carlos, a quem contaria o segredo da sua vida, somente quando se conhecessem muito bem.
-Deixas-me aqui, pois não quero que te vejam comigo, não antes de contar à minha patroa mais velha, que me pediste em namoro, pois já lhe falei de ti.
-Ai sim? Muito bem, se é isso que queres, entendo. Mas não te esqueças que a partir de hoje és minha namorada e de mais ninguém, e que te vou respeitar, pois como te disse, não estou para brincar.
-Já tive um namorado em tempos, mas não nos entendemos. Ele foi para França e até já casou. Estivemos muito tempo separados e depois não resultou. Não gosto de pessoas que não confiem em mim e me desconsiderem se razão. Digo-to, porque não gosto de mentiras a esse ponto, e não quero que o venhas a saber por outra pessoa, que a Celeste, a cozinheira da casa, gosta de contar tudo a toda a gente. Mas podes confiar em mim, pois já não sei nada dele, nem me interessa para nada. Só espero, que tu não tenhas nenhuma namorada e pior que isso, não me estejas a enganar, sendo casado, como muitos fazem. E agora se não me quiseres, eu entendo.
-Eu casado, tens cada uma? E que me importa que tenhas tido um namorado. Ó Helena mas que dizes tu, claro que te quero para sempre? Nunca te trairia ou faria alguma coisa que te magoasse. Gosto muito de ti e confio em ti.
-Obrigada. Mas sei lá. Por vezes ouço coisas que os rapazes fazem às namoradas, e depois desaparecem, que me passou isso pela cabeça, neste momento.
-Gosto de ti a sério, e quero que conheças a minha mãe, tens que acreditar em mim.
-Está certo, eu acredito.
-Dá-me um beijo, quero dizer, posso dar-te um beijo de despedida até amanhã, posso?
Mas antes que Helena respondesse, Zé Carlos beijou-a na face longamente, e ela gostou desse beijo.
-Atrevido, maroto, disse sorrindo.
E virando-se de frente para ela, deu-lhe mais outro e outro beijo, todos na face, e ela gostou ainda mais.
-Vês não dói nada, e não fugiste de mim? Gosto de ti.
E de repente deu-lhe outro beijo e pôs-se a correr de contente, deixando Helena feliz. Que bem que lhe estava a saber aquele bem-querer de José Carlos.
Helena entrou em casa tão contente, que Celeste quando a viu entrar no quarto viu logo pela sua cara, que algo especial se passara.
-Viste passarinho novo?
-Não vi nada, mas estou agora a ver a minha menina linda, não é Maria Luísa? Está tudo bem Celeste, encontrei colegas que gostei de rever, só isso.
-Colegas, ou mais que isso?
-Lá estás tu, com as tuas ideias malucas. Obrigada por olhares pela minha menina. Vou pô-la a dormir que já é tarde.
-A marota parece que adivinha e não adormece antes de chegares. Bom, então até amanhã. Também vou descansar, mas fica-te com esta. Com essa carinha de riso não me enganas. Hás-de contar-me tudo amanhã.
E Celeste saiu do quarto curiosa, deixando Helena sorrindo sem saber o que lhe tinha acontecido para ela apresentar aquela luz no rosto.
Helena estava realmente feliz. Desde que vira o José Carlos pela primeira vez a olhá-la com alguma insistência, sentiu que esse olhar não a incomodava, e até lhe dava algum prazer. Gostava desse sentir observada por ele, que ela considerava um homem atraente, simpático e muito apresentável. Nas vezes que falaram, sempre lhe agradou o seu tom de voz, a doçura das suas palavras.
José Carlos parecia-lhe muito calmo e isso encantara-a desde o início, por isso já tinha falado dele à dona Joaquina. No dia seguinte, quando lhe contasse aquela novidade, tinha a certeza qua a senhora iria ficar muito feliz. A única, mas enorme preocupação que tinha em relação ao momento que estava a viver, era Maria Luísa. Como iria reagir José Carlos quando soubesse da sua existência. Será que lhe devia dizer já, como fizera da existência seu anterior namoro, ou seria melhor aguardar um pouco e apresentar-lha mais tarde. De facto a menina era sua filha, um amor e um encargo que tinha na sua vida, mas que ela já não dispensava por nada. Seria que o namorado iria resistir a esse amor que ela guardava em casa? Seria ele como o Fernando, incapaz de a aceitar por ser mãe solteira, apesar no seu caso, não ter iniciado a sua vida sexual, pois a sua filha era adoptada. Afinal nunca se deitara com um homem nem imaginava como seria fazê-lo. Esta era a grande preocupação de Helena, que mesmo assim não deixava de se sentir feliz por estar comprometida naquele momento com José Carlos, o Zé como passaria a chamar-lhe.
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