segunda-feira, 16 de maio de 2011

Helena e o seu namoro

E naquele dia o Zé parou, agarrou-a mais que nunca e beijou-a por todo o rosto, sem se importar com mais nada. Helena esqueceu que estava na rua, e deixou-se levar por aquele enlevo doce, que lhe fazia bem ao corpo e à alma, e retribuiu sem rubor aquele carinho imenso. Precisava de se sentir assim querida, e amava tanto o José que se pudesse ficava com ele a partir daquele dia, naquela mesma hora. E o José sentiu isso.


-Poes-me louco. Gosto tanto de ti, Helena.
-Também te quero muito tu sabes.

E ficaram assim unidos longo tempo, trocando beijos e caricias que ambos se davam, como se aquele fosse o ultimo dia em que estariam juntos. Naquele pedaço de noite, prometeram-se tudo um ao outro, e mais não se deram, nem fizeram, porque não tinha que acontecer mais nada naquele dia entre ambos. Por momentos o céu foi o seu tecto e o seu abrigo e partilhou com eles o seu amor mútuo.

-Amanhã dir-te-ei o dia, em que posso ir a tua casa. Domingo à tarde, pode ser?
-A minha mãe ficaria muito feliz mas eu, rejubilaria de felicidade. Obrigado Helena.
-Fica combinado, pois hei-de conseguir sair um destes domingos.

E o José Carlos, que nesta altura já levava Helena até ao portão de casa, delicadamente deu-lhe um beijo suave, que perto de casa as janelas tinham olhos.

Desde que Justina tinha regressado há já algum tempo do Alentejo, Helena limitava-se a falar com ela o indispensável. A menina estava já numa ama, e à noite, Helena combinara com Celeste, que só para ter motivo de sair um pouco, a ia buscar todos os dias pois não ficava longe dali. Eram de facto raras ou nenhumas, as ocasiões em que Justina podia ver a menina, e o que Helena queria era que ela nunca a visse. Sair daquela casa era o seu maior desejo, mas faltava-lhe acabar o curso e isso, ela tinha que fazer ali, pois não tinha como passar ainda sem a ajuda monetária que exigira a Justina.

O tempo tinha passado e Justina refugiada na biblioteca melhorara da doença nervosa, mas adquirira um estado de espírito sempre triste e enfadonho. Falava com a sogra, mas esta não apreciava as suas conversas, pois achava que Justina não lhe dava a devida atenção. Nunca falavam de Helena, pois era uma empregada e muito menos da sua filha, porque não era assunto que interessasse a Justina, e a sogra também nunca comentou com a nora o afecto que sentia por ambas. Era o tal segredo que repartia com Helena, e ninguém tinha nada com isso.

Também Rui Manuel sempre que regressava de férias do Instituto, estava proibido de brincar com a “filha da empregada”, e cada vez, isso se foi tornando mais difícil pois também Helena procurou fazer com que isso sucedesse. Mesmo que quisesse, Justina não podia mandar Helena embora, pois há muito que não tinha capacidade de lhe falar de coisa alguma, muito menos num assunto tão melindroso como aquele que só ambas conheciam verdadeiramente: “o nascimento de Maria Luísa”

Naquela noite em que se despediu do Zé, Helena ia decidida a exigir sair um domingo. Celeste havia de cuidar da sua menina, e a montanha de roupa que todas as tardes de domingo passava a ferro, havia de conseguir pô-la em ordem noutra ocasião qualquer. Justina pagava-lhe bem, mas exigia dela muito trabalho em troca para Helena poder sair todos os finais de tarde em que tinha aulas. Dona Joaquina entenderia a necessidade que ela tinha em ir visitar e conhecer a mãe do namorado e nem estava preocupada em pedir a mais ninguém.

Nessa noite Helena deitou-se certa de que faria essa visita, e com a convicção que alguma coisa havia de acontecer que a ajudasse a falar de Maria Luísa ao Zé, de forma que ele a entendesse. O sabor dos beijos apaixonados que ele lhe dera, ainda o retinha consigo, assim como o calor do seu corpo viril e trémulo, junto do seu. Sentia ainda as suas mãos macias a afagarem-na, no corpo e rosto, e isso inebriava-a de prazer e dava-lhe confiança para pensar, que ele a compreenderia e aceitaria com a filha.

Depois de deitar a menina, deitou-se também com estes pensamentos. E no dia seguinte sabia que iria conseguir essa autorização da dona Joaquina.

Os estudos não corriam nada mal a Helena, e o trabalho apesar de muito também não a cansava, porque com a garra de querer vencer na vida, ganhara outro ânimo depois que José Carlos a convidou a visitar a mãe.

A autorização para sair estava conseguida, pois a dona Joaquina achara muitíssimo bem e um bom indício o Zé querer levar a Helena a conhecer a mãe.
 
 
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