terça-feira, 8 de março de 2011

tanto Brasil que eu amo

Isabel voltou ao Brasil com Maria, porque ela e Pedro lhe tinham prometido essa viagem, e Pedro nessa altura não podia viajar. Isabel que nunca viajara verdadeiramente sozinha até ao estrangeiro, sentiu-se uma valente, subiu no avião, aterrou e foi até ao resort com a filha. Fez passeios com Maria, e mostrou-lhe tudo o que conhecera com Pedro nas redondezas e na cidade de Salvador da Baia. O Mercado, o Pelourinho, a igreja de São Francisco e a igreja de senhor do Bom Fim, nada ficou por ver.

Maria divertiu-se quanto quis, passeou e fez os passeios que eram para fazer. Viram os espectáculos da noite no hotel e no final iam à discoteca, e ambas divertiram-se como duas amigas de verdade. Isabel gostou destes dias, e aproveitou cada segundo que esteve com a filha com a certeza, que uma ocasião como esta não voltaria a acontecer-lhe, mostrando-lhe o local onde gostava de passar férias com o pai, deixando-a livre o resto do tempo para se divertir, aproveitando os entretenimentos que o Sauipi tinha para lhe oferecer.

De longe quando a observava no circo do hotel, pensando ser tudo mentira, sorria só de vê-la a divertir-se, como se fosse um sonho estarem juntas naquele espaço lindo, tão longínquo de casa. E se Isabel lhe queria bem e confiava nela. Maria era a sua menina, a sua relíquia, o seu bem-querer e estava uma senhorinha. Isabel vivia ali um sonho lindo, como nunca imaginara ser possível com a filha.

Dias como estes, Isabel também não voltará a ter, porque Maria cresceu, e Manuel que nesta altura já não quis viajar com a mãe, igualmente, e as férias dos filhos dificilmente serão alguma vez mais, passadas conjuntamente com a mãe e com o pai, mas Isabel sabe que também eles cresceram com ela, pela forma como ela soube estar junto deles nestas alturas, quando faziam férias conjuntas, dando-lhes liberdade e espaço para eles serem gente.

Enquanto Sérgio permanecesse no Brasil, seria mais fácil Pedro e Isabel voltarem ao Brasil, e na verdade pelo facto de ele ter mudado de cidade, Isabel não deixou de visitar esse país, antes pelo contrário, pois assim tinham muitas mais cidades para visitar. De visita a Sérgio, voltaram várias vezes para visitar a cidade de Vitória no Estado de Espírito Santo onde o amigo passou a ter residência própria. Naquela cidade linda, Isabel muitas vezes sonhava poder viver, mas depressa acordava desse sonho louco. Vitória fica muito longe da sua casa, muito mais que o Rio de Janeiro, e a sua realidade é outra bem distinta. Mas pelas vezes que lá esteve, muitas mais que Pedro, que por vezes só aparecia no final das férias para regressar com ela, pois o seu trabalho não lhe permitia mais que isso, Isabel adorava o quarto que Fernanda, a esposa de Sérgio lhe oferecia na sua casa.
Virada para a avenida principal, com uma vista magnífica para o mar, acordava bem de madrugada com aquela vista maravilhosa das palmeiras e das ilhas, que lhe pareciam entrar pelo quarto adentro no sétimo andar. Em Vitória não deixaram nada por ver, e voltaram para visitar outras cidades bonitas que Sérgio lhes recomendou, e para todas estas viagens Isabel ia ganhado coragem mas nunca perdendo o medo das longas horas de voo.

Visitaram Ouro Preto, cidade património mundial e Tiradentes, Senhora da Conceição. E tanto que havia a dizer destas cidades lindas e ricas de património, mas Isabel guardou na memória as calçadas em pedra, as igrejas, as casas pintadas de cor, os pintores, sabendo que o ouro partia destas zonas para Parati que conhecera anos antes para depois chegar a Portugal. Em Ouro Preto olhando aquelas montanhas, onde muitos anos antes, mas depois de 1500, muitos negros escravos terão trabalhado duramente, sentia-se uma privilegiada por poder apreciar aquela beleza natural, ela que vivia a tantos milhares de quilómetros dali. Também eles tinham viajado milhares de quilómetros, mas tinham tido pior sorte, pois não sendo daquelas terras, acabaram por ali ficar acorrentados como escravos.

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