UM DIA...eu..
Um dia...muito longe
já nem sei quando
o negro que tinha em mim rebentou
de dor,
de pranto,
e como dor sem amor,
não deu flor
deu tudo triste,
amargura
choro e pranto
deu enchurradas de palavras escritas,
amontoadas em resmas de tudo e nada
que falavam de mim
cantavam a liberdade
da minha alma que chorava
do meu corpo que sozinho abanava
da minha mente, que queria andar para a frente
e estremecia e tremia
pois grandes eram os ventos que me empurravam
danavam o meu querer
gritavam mais do que eu
me sufocavam
Mas não desisti
não queria morrer ali e não morri
e gritei
e escrevi
e em cada palavra limpei a dor que sentia
e cresci
vomitei de mim fogo e larva
deitei fora o desamor e a mágoa
e quase me afoguei no tanto que dei de mim
mas não...estou aqui!
Fiquei vazia,
por fora mais limpa
por dentro mais pura
e hoje, cada palavra que digo
que escrevo e sinto
guardo-a numa gaveta aberta
gaveta linda,
perfeita
para guardar segredos
Quem sabe, um dia, outros ventos
outros desejos e quereres loucos
me venham abanar e tirar desta paragem
onde fiquei
onde observo os outros passar
e sou realmente outro eu
esvaziado...mas mais completo...
Inês Maomé
02/ 02/ 2015
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