sexta-feira, 29 de abril de 2011

Helena é mãe

-Posso entrar avó?

-Sim entra Ruizinho.
-Que bom a avó estar aqui hoje, pois queria tanto vir aqui para ver bem a menina e pegar-lhe um bocadinho ao colo. Posso Helena, antes que alguém veja e vá dizer aos meus pais.
-Mas dizer aos teus pais o quê?

-Não ligue minha senhora, que os senhores não querem que ele se perca por aqui, pois ele pensava que Luzinha era sua irmã e que iria brincar com ela, mas o senhor dom Manuel proibiu, até porque ele é rapaz, e não deve brincar com meninas. Eu entendo, e não levo a mal.

-Tontearias do meu filho. Senta-te aí Ruizinho, vá segura bem, só hoje. Vês é levezinha e parece que se ri para ti. É engraçado Helena, que por vezes quando olho a tua menina, parece que me faz lembrar o Rui Manuel quando ele nasceu, pois ele também era assim pequenino e tinha um rostinho muito parecido. Parece que têm algo muito parecido, mas não sei o que é.

-Os bebés pequeninos são todos parecidos. Vá, por hoje já chega Ruizinho, gostaste de ter a menina ao colo?

-Gostei, é linda e tão pequenina, parece uma princesinha. Sabes Helena, gostava mesmo de ter um irmãozinho. Luzinha podia mesmo ser minha irmã, mas como não é paciência.

-Não podemos abusar, porque se o pai disse para não vires aqui, não lhe deves desobedecer, mas de vez em quando, acho que até ele vai deitar o olho para ver uma coisinha destas, tão linda a crescer.

Helena iria suportar aquele tipo de conversas, deixando que toda a gente pensasse que Luzinha era sua filha de verdade e de Fernando só ali naquela casa, porque mal pudesse sair dali um dia, o mundo saberia que Luzinha era somente sua filha e de mais ninguém. Ela haveria de encontrar maneira de descobrir um dia o paradeiro do verdadeiro pai, caso ele ainda estivesse vivo, mas isso estava tão distante que por enquanto, ia pensando unicamente nos biberões, nas consultas ao médico com a menina e em como seria depois do Verão o início dos seus estudos. Queria tirar um curso pois desejava muito poder vir a trabalhar num escritório, e havia de conseguir.

Quanto às coisas que a dona Joaquina dizia, dava-lhe vontade de rir, porque decerto a senhora teria razão, porque na verdade a mãe era a mesma. Os laços de sangue são muito fortes e de facto aquela menina era irmã de Ruizinho, e quem sabe por isso ele se sentia tão atraído pela menina, e a senhora os achava parecidos. Por estas e por outras um dia quando Helena tivesse o seu curso tirado ela já sabia o que iria fazer.


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