quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A POESIA EM MIM....



DA POESIA

Quando nasci já eras nobre,
Mas não te conheci nem tu a mim
Depois passei por ti vezes sem fim e não te vivi, 
Não te senti ou dei atenção.
Altiva, senhora do teu nariz, 
Olhavas-me e eu a ti,
com o desdém de quem não se quer bem
Coisa rara a minha, 
Que não sendo orgulhosa, nem vaidosa, 
Não te queria, não te entendia 
Via-te importante, como uma rainha altiva e não te avaliava. 
Temia o teu cheiro inebriante
Incapaz de te entender, e tu a mim  
Éramos hostis e assim vivíamos distantes.
Deixava-te e a mim, ficar fechadas, distantes
Tu do meu eu, e eu do teu olhar cativante…
Quem sabe, já amantes.

Para quê falar de dor, amor, 
Ódio ou paixão, lágrimas e solidão?
De temores e perdas, mágoas outras dores
E assim andei perdida, fugida de ti, 
Ignorando-te e tu a mim, 
Durante anos e anos sem fim

Mas um dia esbati em ti, 
Olhei-te doce, 
Calma, tal profeta, e gostei da amiga que foste 
Mirei-te e de repente, sem o perceber,
Senti-te perfeita em mim, 
Acalmaste-me 
Estava triste e tu aliviaste o meu pesar, 
Deste-me luz, 
Um outro olhar, aliviaste a minha dor 
Deste-me ar, ensinaste-me a ser como tu, 
Uma mulher distinta no andar, 
No ser e sentir, 
Viver e amar
E quer triste ou feliz, ensinaste-me a chorar lágrimas perfeitas 
Que aquietavam o meu penar 
Deste-me a mão, 
Amparaste-me e eu agarrei-me a ti, 
E em ti, fiquei suspensa para sempre 

Foste uma mãe. 
Ensinaste-me tudo o que sinto e sei,  a amar até ao limite 
Poesia da vida, sem ti eu seria oca, 
Vazia e nua, perdida e sem cor, 
Sem sentido e brilho

É de loucos pensar que tu existes e poucos 
Te olham lúcidos e atentos
És o espelho da vida que passa, do Sol que nos ilumina. 
Do luar: tu és a lua, do mar o ondular
És a minha salvação, purificação, 
O meu fascínio. 
Sem ti seria outra mulher, 
Canto esquecido, impuro, escuro, inacabado
Seria algo inacabado….

Inês MAOMÉ
30/01/2014

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