quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O SOL…e o meu SORRISO


O sol…e o meu sorriso

Acordei, batia-me no rosto o sol,
Beijava-me com furor e intensamente
(E pensei) : Queria tanto ser outra mulher,
Ter outro sentir
E pedi-lhe, com amor, que me transformasse
Me fizesse sorrir.
Pedi-lhe isso em pensamento
E docemente

Mas o sol não disse nada,
Aquietou-se
Espraiou-se em mim e sozinho sorriu  
Gozou de mim, fez-me pirraça parecendo contente
Quanto prazer sentia por me banhar sem me falar
E eu ali prostrada e inerte, sem nada poder

Senti-o quente, quase escaldante
Dando-me a preguiça que bem lhe conheço
Mas os sorrisos e confiança, não mos deu
E assim fiquei naquele deleite num silêncio contagiante
Que me arrepiou o corpo
Que me cegou com um aperto a alma,
Uma secura nos olhos que fez chover dor dentro do meu peito

Porque não leva o sol consigo este me pesar
Este tormento,
Absorvendo de mim, com o seu calor quente e brilhante
Esta coisa estranha que me invade,
Me devasta e penetra inteira
Me perturba a vida, deixa triste, infeliz e tensa
E parece que  tudo e todos de mim afugenta?

Mas quieto e livre permanece
Deixando em mim o rasto de um raio de esperança,
Que apanho com as mãos
Com todo o meu corpo.
Quem sabe amanhã eu pense de outra forma
O sol nasça mais manso, diferente
Fique comigo o dia inteiro
Me faça sorrir
Serenar…quem sabe cantar…

INÊS MAOMÉ
30/01/2104

  

Foto da Google

A POESIA EM MIM....



DA POESIA

Quando nasci já eras nobre,
Mas não te conheci nem tu a mim
Depois passei por ti vezes sem fim e não te vivi, 
Não te senti ou dei atenção.
Altiva, senhora do teu nariz, 
Olhavas-me e eu a ti,
com o desdém de quem não se quer bem
Coisa rara a minha, 
Que não sendo orgulhosa, nem vaidosa, 
Não te queria, não te entendia 
Via-te importante, como uma rainha altiva e não te avaliava. 
Temia o teu cheiro inebriante
Incapaz de te entender, e tu a mim  
Éramos hostis e assim vivíamos distantes.
Deixava-te e a mim, ficar fechadas, distantes
Tu do meu eu, e eu do teu olhar cativante…
Quem sabe, já amantes.

Para quê falar de dor, amor, 
Ódio ou paixão, lágrimas e solidão?
De temores e perdas, mágoas outras dores
E assim andei perdida, fugida de ti, 
Ignorando-te e tu a mim, 
Durante anos e anos sem fim

Mas um dia esbati em ti, 
Olhei-te doce, 
Calma, tal profeta, e gostei da amiga que foste 
Mirei-te e de repente, sem o perceber,
Senti-te perfeita em mim, 
Acalmaste-me 
Estava triste e tu aliviaste o meu pesar, 
Deste-me luz, 
Um outro olhar, aliviaste a minha dor 
Deste-me ar, ensinaste-me a ser como tu, 
Uma mulher distinta no andar, 
No ser e sentir, 
Viver e amar
E quer triste ou feliz, ensinaste-me a chorar lágrimas perfeitas 
Que aquietavam o meu penar 
Deste-me a mão, 
Amparaste-me e eu agarrei-me a ti, 
E em ti, fiquei suspensa para sempre 

Foste uma mãe. 
Ensinaste-me tudo o que sinto e sei,  a amar até ao limite 
Poesia da vida, sem ti eu seria oca, 
Vazia e nua, perdida e sem cor, 
Sem sentido e brilho

É de loucos pensar que tu existes e poucos 
Te olham lúcidos e atentos
És o espelho da vida que passa, do Sol que nos ilumina. 
Do luar: tu és a lua, do mar o ondular
És a minha salvação, purificação, 
O meu fascínio. 
Sem ti seria outra mulher, 
Canto esquecido, impuro, escuro, inacabado
Seria algo inacabado….

Inês MAOMÉ
30/01/2014

domingo, 19 de janeiro de 2014

VOLTEI...POR TI...


VOLTEI….

Por ti um dia de amores me encantei
Me perdi para sempre
Por ti um dia voltei e contigo fiquei

O mundo, presa em ti, caminhei
Fugindo do fascínio que a ti me prendia
Mas em vão, não resisti
Este amor que nasceu em mim  
Vive há muito aceso no meu peito
E nele morará para sempre…
Desfeita desisti dessa fuga e por ti voltei
Por este amor que te tenho
Que vive em mim suspenso, tudo faria
Luz brilhante que me ilumina
Que tu ingrato, recusaste

Porque o fizeste, que mal te aparecia eu?
Porque me rejeitaste?
Se não me querias, porque não me enfrentaste?
Temeste o meu ser, o que sou?
Eu não sou nada, ninguém que desconheças
Não sei, nunca saberei porque não me queres, nunca me desejaste…
E cega de amor por ti voltaria
Mendigar o teu amor….mil vezes tornaria…

Implorar o amor que não me dás nem destes é uma loucura
Como posso fazê-lo?
Não sei?
Assuntos do amor que sinto cuja razão desconheço.

Inês Maomé
15/01/2014


PERDIDA!



Perdida!

Estou prostrada, tenho vontade de chorar
Mas não posso, não devo, não consigo
Chorar não me leva a nada,
Só me cansaria

Gritar a dor que tenho no peito
Desespera-me
Cria em mim um desencanto sem medida
Que me aperta e amolece,
E no fundo, mais profundo de mim, não sei resultaria

Os meus gritos loucos, são mudos,
Um pranto sem som que me corrói e deixa perdida
Gritar é um delírio,
Um gesto feito benefício que sei me aliviaria
Sei disso.
Mas ficaria igual, ou pior ainda
Com o mesmo peso em cima
Ou mais ainda, como o saberia?

Algo em mim me derruba, me aperta e consome
Me empurra, impele,
E eu deixo
E permito que essa coisa estranha me inunde e anule
E fingindo que não
Sinto uma dor, um cansaço,
Que me dói tudo, me paralisa,
Me corrói a alma, as entranhas e tudo
E finjo que não sei nem sinto

Mas pressinto essa dor e pena, feitas mágoas a dominarem-me
Destruírem-me, num cansaço que não sei de onde vem e me aniquila
Ou sei bem, e finjo que não, porque não adiantaria

Quanta perdição, quanto encanto e magia perdidos em vão.
Dor sem fim, esta que me afunda, me pesa e destrói
Que me diz, ao ouvido, que cada dia será pior ainda

Queria chorar, mas não choro.
Queria gritar, mas calo tudo
Noutros dias distantes, chorei, gritei tudo

Não tenho lágrimas, estou seca de todas as vontades
Dizem que chorar alivia,
Mas se eu chorasse ficaria
Mais pesada, dorida, muito mais sofrida ainda

Encosto-me num canto e sossego tanto desencanto
Prefiro calar

Escrever o que sinto e neste gesto espalhar as palavras
Esvoaçando pelo mundo.


Inês Maomé

19/01/2014

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

ESSÊNCIAS de nosso AMOR






:ESSÊNCIAS

Vi-te, era pouco mais que adolescente.
Cheirei-te com o olhar atento, 

Cobicei-te o teu amor, desde aquele momento.
Tontaria a minha,
sentir em ti o aroma do jasmim, das flores do campo…
O alegre odor da Páscoa, o tilintar dos sinos da igreja…
Sentir,
no perfume do teu corpo, o rosmaninho e o alecrim dos montes...
Mostravas a força dos carvalhos altos
E a frescura das fontes puras que eu nunca vira antes.
Um mar me inundava, espuma branca e pura me envolvia
E em mim perduravam.
Assim livremente cativa,
Do mais profundo do teu olhar da cor dos oceanos,
Ouvidos e olhos se me prenderam
E amei-te para todo o sempre.
Nos teus lábios já me adivinhava,
Como anelada no teu corpo másculo,
Sentia-me ali toda tua...
Mergulho imenso, em que o eu e o tu se confundiam.
Como se fosses coisa minha, ambos ali nos completávamos.
Fiz-me mais mulher, mirei-te sempre com esperança
- ” Minha mulher…, só minha “! Balbuciaste-me, um dia, ao ouvido.
Brilhando, mil vezes rodopiei.
Sorri, fui feliz!
Sem o adivinhares, trazia-te, há muito, suspenso no meu peito.
Meu mar e minha lua, lua só minha,
A lua que iluminava a noite da nossa rua...
E era eu o sol que te aclarava a vida, pensando que o não sabias.
Naquele dia, havia no teu olhar o mesmo cheiro de sempre.
No teu abraço apertado, o odor a jasmim e a rosas do nosso jardim.
E os beijos me sabiam a fruta fresca, lembrando amoras silvestres do Verão.
Borboleta azul, anil, rosa e violeta, esvoaçava feliz à tua volta,
Na certeza de que ia ser tua para sempre.
E tu, de olhar meloso e profundo,
Segurando na tua mão forte e macia a minha mão frágil:
“- Vamos sair logo à noite?
Tenho coisas bonitas para te dizer à luz da lua….”
E eu nem sei o que respondi.
Sorrindo como uma tonta,
Com a cabeça, mil vezes respondi: que sim.



Inês MAOMÉ
31/12/2013