segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O NOSSO ABRAÇO



O NOSSO ABRAÇO

Mil pessoas,
três mil, mais ainda
E ele, distinto, diferente,
o homem do sobretudo azul.

Alto, esbelto, inteligente e atento
Apareceu num repente

e os seus olhos riram nos meus
E os meus, sorridentes,

olharam os dele com espanto

Olharam-no delirante
E estimaram aquele instante

Momento único, excelso
O “Até já”: estava ali.


E com os olhos azuis-claros
com que vê todos os dias o mar

o céu azul e o luar
da sua janela branca rasgada  

do estar calmo ou revolto do mar
batendo contra a areia, chegando até ao horizonte,

o homem do sobretudo azul
que olha o mundo inteiro, da sua janela branca

olhou-me, abraçou-me forte,

e eu, a ele, dei-lhe o abraço mais profundo que tinha.
Olhei-o, mirei-o todo,

mais de mil vezes o fiz, com agrado
Fixei nos meus, o azul dos seus olhos belos

Olhos azuis da cor do céu

que retive há muito comigo
Que vi bem, um dia, junto à sua janela branca

Mais branca, que todas as rosas brancas do meu jardim
De onde ele olha diariamente o céu e o mar

e me fala em palavras escritas, do seu olhar.


Ai, se eu fosse um rubi
Um diamante, uma esmeralda perfeita

Um brilhante, uma joia para estar exposta
Ele olhar-me-ia cada hora

Como olha o horizonte


Ai, se eu fosse uma flor rara
Essências puras, as suas prediletas,

uma peça rara vinda das Arábias

Uma pintura de rosas de carmim
Cheirosas e perfumadas

Escolhidas a propósito
para junto dele serem e  estarem 

Juntos, naquela janela branca
De onde ele vê o céu e o mar

E me imagina a mim

Tudo seria diferente

Meu Divino Deus
Quantas coisas lhe diria eu

Mais de mil outras, me diria ele a mim
Só de me olhar como uma peça rara

Ou uma simples rosa de jardim



Mas foi bom, lindo, estar ali
Bom demais o abraço, o carinho

O perfume que de todos senti
que ainda sinto hoje

e espero se eternize em mim

Assim, num até breve, no até já
Como um olhar que se perde

No oceano que ele vê

Da sua janela branca
E depois me conta a mim….


Inês Maomé

18/11/2013

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