terça-feira, 10 de setembro de 2013

O amanhã é hoje...




Éramos dois jovens lindos
ou seriam os meus olhos a ver-nos?
Lembras-te como sorriamos?
Beijavas-me longamente
e eu afogava-me em ti e nos teus beijos.
Apertavas-me contra o peito
e os nossos corpos colados,
contidos pelo desejo
ficavam inertes,
calados e mudos
que o resto tão desejado, tão apetecido,
era contido, por nos ser proibido…
Outros tempos, outros desatinos...

Ficávamos naquele enlace contido e doce
querido, amante, e mais que estáticos
os nosso corpos quentes falavam-nos mil segredos
diziam-nos do nosso amor único sentido
muito querido,
que nos tínhamos e era todo nosso.

Hoje passaram os anos,
e a pele do nosso corpo enrugada
fala-nos do passado
mas o coração ainda amante
perdura pela força do nosso abraço quente
sempre amoroso e terno
menos apaixonado, mais carinhoso
mais firme e doce
e olhando os filhos que nos demos e ao mundo
sabemos que o meu amor,
e o teu igual ao meu,
vai perdurar para além de tudo
e apesar da vida nos ter oferecido rasteiras
não nos ter sido sempre prazenteira
colados no mesmo abraço
na espera do amor completo
nós estamos ainda,
esperamos atentos
a realização do que nos era antes negado
proibido por inteiro
bebendo do nosso amor o possível
o amor que será eterno
sempre nosso
só meu e teu
que o amanhã agora é hoje.

INÊS MAOMÉ

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