ESSÊNCIAS
Vi-te, era pouco mais que adolescente
Cheirei-te com o olhar atento e cobicei o teu amor desde
aquele momento
Tontaria, a minha, sentir em ti o aroma do jasmim, das
flores do campo,
o alegre odor da Páscoa, o tilintar dos sinos da igreja,
por me lembrares no perfume do teu corpo, o rosmaninho e o alecrim
dos montes.
Mostravas a força dos carvalhos altos, a frescura das fontes
puras que nunca vira antes
Foste um mar que me inundou, a espuma branca e pura que me
envolveu e em mim ficou
E assim fiquei presa a ti, no mais profundo do teu olhar cor
dos oceanos
Vi-te com os meus ouvidos, senti-te com os olhos e amei-te
assim para todo o sempre
Adivinhei-me na tua boca, entrei na tua pele máscula, divina,
e fui toda tua
Nesse mergulho imenso, abracei o teu eu, e o meu ficou
completo, como se fosses coisa minha
Fiz-me mais mulher, mirando-te sempre com esperança, e um dia
falaste-me ao ouvido:
” Minha mulher…, só minha “…e brilhando, rodopiei mil vezes!
Sorri e fui feliz!
Trazia-te há muito, sem o adivinhares, suspenso no meu peito.
Como se fosses o meu mar, uma lua só minha, a lua que
iluminava de noite a (nossa) rua
Eu era o sol que te aclarava a vida, a nossa vida….mas
pensava que não o sabias.
Tinhas, naquele dia, o mesmo cheiro de sempre no olhar e
assim senti,
no teu abraço apertado, o odor a jasmim e às rosas do (nosso)
jardim
E os beijos que me deste e eu aceitei com agrado, sabiam a
fruta fresca, a amoras de Verão
Parecia uma borboleta azul, anil, rosa e violeta, esvoaçando
feliz à tua volta
Tive a certeza que seria tua para sempre, quando me
disseste, de olhar meloso e profundo,
segurando a minha mão frágil, na tua forte cheirosa e macia
“- Vamos sair logo à noite? Tenho coisas para te dizer à luz
da lua….”
E eu nem sei que respondi. Sorrindo como uma tonta, disse
sim mil vezes com a cabeça.
INÊS MAOMÉ
INÊS MAOMÉ
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