quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O SILÊNCIO...



O SILÊNCIO

E o silêncio fere demais os meus ouvidos
Faz estremecer todo o meu corpo
Arrasta água com sal à minha boca
Ecoa inteiro em mim e invade-me
Penetra-me como nenhuma coisa outra
E grita, berra alto
E num desatino louco
Deixa-me perdida, atordoada
E eu, encostada neste canto onde me encontro
Nada sinto, senão o eco desse silêncio aflito
Gelado e brando que me arrefece
E inteiro me habita
Que eu rejeito, não quero
Mas sem outra solução, aceito
Oh silêncio, porque te não vais
Porque não deixas de bater à minha porta?
E ele, encolhido de medo
Mais inquieto que eu, nem me responde
E em mim fica grudado como à minha pele…

Inês Maomé
22/10/2014

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