sexta-feira, 5 de setembro de 2014

.... O QUE NOS RESTA



SOMOS O QUE DE NÓS RESTA

Olho-te, miro-te atenta

Não somos nada do ontem
Somos apenas o que de nós resta
Onde está o calor dos beijos prometidos?
Os outros
Os muitos dados no escuro
De fugida, 
Às escondidas de todos e do mundo
Beijos suados dados de corpos colados?
Guardei-os selados em mim
Como se fossem mistérios
Estimados do meu coração

Ai, como os nossos corpos mudaram

Como são outros os nossos sentidos
Os gemidos que desejávamos dar 
E não damos
E sofremos 
Pois nem sequer têm ouvidos, 
Não os sentimos
Queria amar-te 
Como tu a mim sei o desejarias

Mas o impossível surgiu nas nossas vidas

E seguimos na rua da vida 
De mãos dadas
Unidos num silêncio que diz tudo
Dói-nos o corpo e a alma
Mas a força de caminhar e avançar
Dá-nos razão para não desistir de nada

E um beijo suave 

Mata hoje a sede da volúpia de tudo que nos resta


Inês Maomé

02/09/2014




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