quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A Ultima DANÇA



A Ultima DANÇA

E o meu olhar prende-se deliciado e atento
Não pode fingir que não vê
Os corpos delas bamboleiam certo
As curvas são perfeitas
Coxas torneadas
Saias curtas escancarando beleza
Peitos rijos e hirtos que atraem
Rostos brilhantes
Olhares cintilantes
Cabelos soltos ao vento
O corpo mexendo bailante,
deixa-os loucos
Parecem gazelas livres correndo pelos campos
Vê-se que estão felizes
Obras divinas naquele espaço
Olho-as e nisso não me canso
São belas, perfeitas, arte que baila e mexe delirante
Todas, mais que isso,
são deusas que eles enlevam
E preferem e conquistam na dança
Cobiçam para dança e amar no resto
É o seu tempo, o meu passou
E contrariada aceito o que vejo
Passou-me tanto, tudo ao lado
Levou-me o tempo o fascínio de antes
Velha, de olhar baço e triste
Admito que estou diferente
Não caibo mais ali
Aquele não é o meu espaço
Derrotada e cansada,
baixo a cabeça
Desisto!
Nada  me prende naquele  sitio
Nem a dança que amo e me cansa
E me prende na cama depois de uma noite assim
Dorida no corpo,
Magoada na alma pelo desleixo a que fui exposta
Nada me faz pensar  ou agir de outro jeito
Estou velha, ninguém me quer
Careço descanso
Aceitar que o tempo passou
Que o relógio andou
Que chegou a hora de partir
Deixando-os sorrir, sem lhes servir de embaraço
Dar-lhes espaço, ar, mais ainda
Preciso libertá-los a todos do empecilho que hoje sou
Basta de olhar alvitrando ser como elas
Esperando ver uma mão estendida
Basta de favores
Pena minha, mas isso não quero. Não…
Basta-me saber o que sei
As rugas e o rosto baço são o retrato
da vida passada, do tempo inimigo que voou
Mesmo assim, obrigado Anjo meu,
sempre comigo e amigo
Deixa-os, não sabem o que fazem.
Não sonham que um dia vão ser o que eu sou.
Adeus dança, amor doce da minha vida.
Meu elixir, algo que me fazia sempre sorrir…

INÊS MAOMÉ

13/ 10/ 2013


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