terça-feira, 16 de agosto de 2011

Amor Egoísta




EGOÍSMO 

Que saudades eu tenho
De ter saudade,
De alucinar verdades,
Uniformidades,
Maldades
Com a tua cara
Rara
No fundo da distância.

Que saudade de sonhar,
De brincar ao gostar
Do que não tinhas
Para dar.

Não expliques
Ou tentes complicar
O grito de cobardia
No rio do silêncio.

Resta viver a triste fantasia
De a realidade construída
Ser mais real do que
Perseguir as sombras vivas
Do passado.

Não foi inventado,
Não está errado,
Apenas impossibilitado
Pelo pensamento redutor
De que a dor é o caminho
Mais fácil.

Afoguem-se em ciume,
Achem-se na cama,
Rebolem no estrume,
Apaixonem-se na lama.
Não te vou convencer
Ou sequer desconhecer
Ao ponto de te mudar.

É por isso que te escrevo
Este poema que é último,
O último egoísmo
Que não passa
De outro cinismo.

O meu palco é o mundo,
Multidão ou pessoa que me acolhe,
Que diz o que fala,
Fala o que sente,
E acima de tudo
Sabe que o amor não mente
Nem fica surdo e mudo
Na teoria do esquecimento.


De: António Carvalho

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