A NOSSA CASA
Da janela da
nossa casa vejo montes,
Vejo gente, vejo muito
Vejo pouco
E outras casas
Casas, casas, só
vejo casas
Sombrias,
caladas, lavadas de branco
Outras não
Parece que
esperam, que chamam
Que guardam
segredos belos, cinzentos ou de carvão
Ao abrir cada
janela da nossa casa
Parece que te
vejo chegar, pura ilusão
Chegas sempre
mais tarde
Dentro das casas
tudo acontece
Tudo se despe,
se sente, se diz, se consente
Numa calma ou descontente aflição
Abre-se cada
porta e eu atravesso-a
Magoo o ar,
solto gritos de solidão
Não te vejo
Só chegas depois
do dormir da noite
Na nossa casa,
igual a outras tantas
Tudo acontece de
noite desde o amor à desunião
E os passos
dados caminham em sentidos diferentes
Ajustados ao silêncio
do escuro denso
Que saudades dos
beijos trocados acesos
Como fósforos
incandescentes
E dos nossos
peitos apertados, quase sem ar,
Fervendo colados
no amor
A nossa casa
vestiu um silêncio que colocou no meu coração
Pertencemos à
nossa casa
Dentro dela
vestes-te de fato
Falas tudo que
te apetece, falamos em união ou não
No meu peito
nada se passa, no meu corpo também não
Dentro da nossa
casa
Nada de festa alguma,
corre de ti para mim
Enfeitando as
minhas mãos
A nossa casa,
como todas as casas, é estranha
Guarda o
silêncio do último segredo que já não lembro
Habita no
interior da noite, sobrevive a ela e à dor
À falta de amor
E eu não…
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