terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A NOSSA CASA!

                     


                             A NOSSA CASA

Da janela da nossa casa vejo montes, 
Vejo gente, vejo muito 
Vejo pouco
E outras casas
Casas, casas, só vejo casas
Sombrias, caladas, lavadas de branco 
Outras não
Parece que esperam, que chamam
Que guardam segredos belos, cinzentos ou de carvão
Ao abrir cada janela da nossa casa
Parece que te vejo chegar, pura ilusão
Chegas sempre mais tarde

Dentro das casas tudo acontece
Tudo se despe, se sente, se diz, se consente
Numa calma ou descontente aflição
Abre-se cada porta e eu atravesso-a
Magoo o ar, solto gritos de solidão
Não te vejo
Só chegas depois do dormir da noite

Na nossa casa, igual a outras tantas
Tudo acontece de noite desde o amor à desunião
E os passos dados caminham em sentidos diferentes
Ajustados ao silêncio do escuro denso
Que saudades dos beijos trocados acesos
Como fósforos incandescentes
E dos nossos peitos apertados, quase sem ar,
Fervendo colados no amor
A nossa casa vestiu um silêncio que colocou no meu coração
Pertencemos à nossa casa
Dentro dela vestes-te de fato
Falas tudo que te apetece, falamos em união ou não
No meu peito nada se passa, no meu corpo também não
Dentro da nossa casa
Nada de festa alguma, corre de ti para mim
Enfeitando as minhas mãos
A nossa casa, como todas as casas, é estranha
Guarda o silêncio do último segredo que já não lembro
Habita no interior da noite, sobrevive a ela e à dor
À falta de amor

E eu não…

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