AQUELE ABRAÇO
Mente pesada, corpo dorido
Um frio gelado, estranho,
Invadia-me e eu tudo deixava
Fazendo de mim um ser indefeso
Alguém que, não sei como,
gritava e chorava
De agonias passadas, desejos incompreendidos
E eu nada mais sentia, senão um tremor profundo
Gritos que me vinham da alma
E ali gritava, sem pudor,
Sem incerteza alguma, sem força para me impor
E gritava o desejo que tudo aquilo fosse um sonho
E não aquele sofrer intenso
O recordar de novo tudo que existe em mim
O meu passado reprimido,
Tudo o que me afunda,
Me atira para profundezas contusas
Me dão dor, atormentam, que desconheço
Tudo me cometeu de novo
E chorei, gritei
Gritei, dentro de mim e para o mundo
Gritei o teu nome e supliquei-te ali
A dares-me a tua mão
Esperava-te para me consolares
O teu corpo colado ao meu seria o meu maior alento
Sustento, ar, alívio para cessar aquele tormento
Abri os olhos, chorava
E entre lágrimas sentidas, vi-te com olhar admirado
Quanta amargura a minha
Pois se era amor, ternura, que queria ver no teu rosto
Sentir-te unido a mim, suspenso naquele mesmo sufoco
Não foi isso que em ti pressenti
Precisava que me arrancasses dali
Me trouxesses à vida
E assim, aquele abraço que nos demos
Que foi forte, mais que nenhum outro
Foi pouco, curto no amor que ali me entregaste
Estavas assustado, eu carente demais
Molhada em lágrimas que tu não compreendeste
Quanta apreensão em ti se gerou
Precisava que o nosso abraço fosse uno
Que os nossos corpos se tivessem fundido
Que o teu eu tivesse sentido o meu
E grudado em mim ali chorasses
Me secasses com as tuas,
As lágrimas amargas que por mim desciam
Não sabes como dói viver assim
De ti, foi pena que vi sentires
Abraço forte, amigo, estranhamente magoado
Precisava tanto que me amasses
Que aquele abraço que trocámos
Fosse mais que amor
Para mim, tudo que tenho ali, completa, te ofereci
Abraço doce, meigo e carinhoso
Mas de mágoa e bondade, foi o teu Abraço,
Que sendo de pena
Não guardarei para a vida inteira
Inês Maomé
23/12/2014
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