A Ultima DANÇA
E o meu
olhar prende-se deliciado e atento
Não pode
fingir que não vê
Os
corpos delas bamboleiam certo
As
curvas são perfeitas
Coxas
torneadas
Saias
curtas escancarando beleza
Peitos
rijos e hirtos que atraem
Rostos
brilhantes
Olhares
cintilantes
Cabelos
soltos ao vento
O corpo
mexendo bailante,
deixa-os
loucos
Parecem
gazelas livres correndo pelos campos
Vê-se
que estão felizes
Obras
divinas naquele espaço
Olho-as
e nisso não me canso
São
belas, perfeitas, arte que baila e mexe delirante
Todas,
mais que isso,
são
deusas que eles enlevam
E preferem
e conquistam na dança
Cobiçam
para dança e amar no resto
É o seu
tempo, o meu passou
E
contrariada aceito o que vejo
Passou-me
tanto, tudo ao lado
Levou-me
o tempo o fascínio de antes
Velha,
de olhar baço e triste
Admito
que estou diferente
Não
caibo mais ali
Aquele
não é o meu espaço
Derrotada
e cansada,
baixo a
cabeça
Desisto!
Nada me prende naquele sitio
Nem a
dança que amo e me cansa
E me
prende na cama depois de uma noite assim
Dorida
no corpo,
Magoada
na alma pelo desleixo a que fui exposta
Nada me
faz pensar ou agir de outro jeito
Estou
velha, ninguém me quer
Careço
descanso
Aceitar
que o tempo passou
Que o
relógio andou
Que
chegou a hora de partir
Deixando-os
sorrir, sem lhes servir de embaraço
Dar-lhes
espaço, ar, mais ainda
Preciso
libertá-los a todos do empecilho que hoje sou
Basta de
olhar alvitrando ser como elas
Esperando
ver uma mão estendida
Basta de
favores
Pena
minha, mas isso não quero. Não…
Basta-me
saber o que sei
As rugas
e o rosto baço são o retrato
da vida
passada, do tempo inimigo que voou
Mesmo
assim, obrigado Anjo meu,
sempre
comigo e amigo
Deixa-os,
não sabem o que fazem.
Não
sonham que um dia vão ser o que eu sou.
Adeus
dança, amor doce da minha vida.
Meu
elixir, algo que me fazia sempre sorrir…
INÊS MAOMÉ
13/ 10/
2013