segunda-feira, 2 de março de 2015

JARDIM



INÊS MAOMÉ

Jardim

Jardim frio
sem flores, 
Sem nada de jardim, além do banco debaixo da Tília
Nevoento e triste
Jardim avarento de verde
A dizer não a cada um que o visita
Jardim a chorar cada madrugada
Sonhando os meninos de hoje 
A baloiçar escondidos no seu espaço

Jardim com histórias escondidas entre ervas daninha
De meninos já velhinhos
Que se esqueceram dos seus baloiços de corda
com assentos de madeira
Onde gritavam e reluziam de brincadeira

Jardim sem água fresca
Janelas abertas para dentro
Grande, gigante noutras épocas
Hoje morto, estranhamente posto de lado

Jardim de ervas mortas
Embirrentas que teimam em o tapar 
E a tantas histórias vividas que nunca hão-de falar

Até a Tília um dia há-de murchar
Pelo silêncio
Por tanto esperar

02/ 03/2015

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